Comerciantes da Avenida Getúlio Vargas, no quarteirão entre a Rua Viçosa e a Avenida do Contorno, na Savassi, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, amargam prejuízos e se mostram revoltados com a Cemig.
O dia de trabalho seguia normalmente nessa quinta-feira quando, por volta das 16h50, um curto-circuito assustou os comerciantes. “Sentimos uma vibração e as luzes começaram a oscilar. Depois, começou a sair fumaça dos bueiros da rua”, explica Gabriel Cohen Persiano, dono da espeteria Tudo no Espeto e da sorveteria La Basque. Dez minutos após o ocorrido, o empresário fez o primeiro acionamento à Cemig.
A angústia durou a madrugada inteira. Gabriel afirma que ligou pelo menos outras cinco vezes para a Cemig cobrando a presença de técnicos da empresa para resolver o problema. Os funcionários chegaram até ir ao local em duas ocasiões, mas a energia não foi estabelecida. “Por volta das 23h, um carro veio, mas o funcionário nem chegou a descer do carro, pois informou que sua especialidade era em cabeamento aéreo. Como a situação foi embaixo da terra, não pôde fazer nada. Depois de eu ligar novamente, a Cemig mandou outro carro. Desta vez, o técnico desceu e comprovou que estava saindo fumaça dos bueiros. Porém, ele também era especialista em cabeamento aéreo e não pôde fazer nada”, comentou, indignado, o empresário.
Prejuízos
O grande tempo sem energia elétrica trouxe prejuízos ao empresário. “Meu prejuízo gira em torno de R$ 26 mil. Tive que jogar fora 183 latões de cinco litros de sorvete e outros 131 potes de 700 ml do produto. Além disso, na espeteria, coloquei a mercadoria de churrasco no freezer que estava mais gelado. Um especialista está vindo até a loja para avaliar se os espetos estão aptos para consumo”, comentou.
O prejuízo também foi contabilizado em outras lojas. Em um salão de beleza, alguns clientes que estavam no local no momento do apagão, tiveram de ir embora. Outras foram remarcados. “O atendimento ficou comprometido, porque a eletricidade no salão é essencial para a escova de cabelo e para fazer as unhas. Esse problema acarretou um grande prejuízo porque os clientes marcam horário de acordo com a disponibilidade e muitas pessoas não podem vir mais”, disse Raquel Mourão, filha da proprietária.
Direitos
Por causa dos prejuízos causados com a queda de energia, os comerciantes pretendem recorrer à Justiça para reaver os valores. “Questionei a Cemig sobre o ressarcimento e eles disseram que não vão pagar e que isso só ocorre judicialmente. Já pedi toda a conversa gravada para entrar na Justiça”, disse Persiano.
A advogada Eliane Figueiredo especialista em direito do consumidor, informou que a empresa tem a obrigação de ressarcir os lojistas. “As pessoas têm que fazer uma relação de tudo que perderam por causa da queda de energia. Depois que documentar os prejuízos, tem que ir na Cemig e ela reembolsa. Além disso, podem solicitar o abatimento na conta do tempo que ficou sem luz”, afirma.
Ao ser questionada sobre a negativa da Cemig em não fazer o reembolso, a defensora informou que o caminho é procurar a Justiça. “A energia elétrica é um bem de primeira necessidade e a responsabilidade da empresa. Isso acontece porque não tem um órgão fiscalizador que vai puni-la”, comentou.
Resposta da Cemig
De acordo com a Cemig, a a falha no fornecimento de energia aconteceu por causa do esmagamento de cabos de baixa tensão que passam no banco de dutos instalado sob os passeios públicos da região Centro-Sul de Belo Horizonte. O excesso de peso de um caminhão envolvido em obra de construção civil naquela área teria esmagado os dutos e danificado os cabos.
Ainda conforme a empresa, a primeira solicitação de reparo foi registrada nos canais de atendimento da Companhia por volta das 17h15 de ontem e uma equipe foi enviada ao local. Segundo a nota, foi necessário contatar uma segunda equipe – especializada – para reparar os danos causados à rede. Devido à complexidade do trabalho, o fornecimento de energia foi restabelecido no início da tarde, por volta das 14 horas..