A violência e outros problemas entraram em campo novamente na Savassi depois da Copa do Mundo. A multidão de torcedores que invadiu a região diariamente e o policiamento reforçado foram substituídos por assaltos, furtos e arrombamentos. A Polícia Militar admite até que julho, normalmente tranquilo devido às férias escolares, registrou aumento dos crimes contra o patrimônio devido à permanência das pessoas na capital por causa do Mundial e da volta às aulas antecipada para o fim da segunda quinzena do mês passado.
Somente na região das ruas Levindo Lopes, Tomé de Souza, Fernandes Tourinho e na Praça Diogo de Vasconcelos, a reportagem ouviu relatos de comerciantes sobre 10 crimes nos 20 dias seguintes à final da Copa. Foram seis furtos, três roubos e um arrombamento. A volta de moradores de rua também preocupa. A PM promete reagir com estratégias que envolvem policiamento com motos e aguarda a ampliação da tropa, prometida para novembro.
Bastou as bases móveis de policiamento postadas em locais estratégicos como a praça da Savassi deixarem suas posições para que os crimes voltassem. Desde o fim do Mundial, a comerciante a Dayse Aburachid Lamego percebeu que as roupinhas de bebê estavam sumindo das prateleiras da sua butique infantil na praça. Até que na última terça-feira uma atendente viu quando uma mulher passou entre clientes e jogou um conjunto de roupinhas para dentro de uma grande sacola preta.
Ao perceber o desespero da comerciante, um grupo de rapazes correu para ajudar. Acuada, a mulher jogou a sacola no canteiro e correu. “Foi uma confusão que parou a Savassi. A dona quase foi atropelada. Um taxista é que a segurou para o carro não passar por cima, mas os rapazes a pegaram e nós a levamos para a delegacia”, conta Dayse.
Policiais militares revistaram a sacola preta e encontraram ainda 35 peças furtadas de outras duas lojas da Savassi. “Descobrimos que essa mulher roubava para revender na Praça 7. Foi a polícia ir embora, para os ladrões voltarem. É uma coisa óbvia. O ladrão não quer ser pego. Se sabe que pode roubar livremente, ele volta”, afirma a comerciante.
No mesmo dia, a apenas seis quarteirões da butique, na Rua Levindo Lopes, uma loja de mídias de filmes e música foi assaltada à mão armada quando estava prestes a fechar, às 21h. Segundo a proprietária Raquel Fonseca, um rapaz chegou ao balcão perguntando ao irmão dela sobre produtos e sacou uma pistola: “Meu irmão estava sozinho. O bandido queria trancá-lo em um cômodo, mas não temos chaves na parte interna.
A falta de policiamento, no entanto, não é o único problema. “Fomos à delegacia da Avenida do Contorno com a Rua Carangola registrar a ocorrência, porque a polícia diz que é assim que se planeja. Pois tinha uma placa lá dizendo que o funcionamento era apenas até as 18h”, reclama a comerciante.
CONSUMO DE DROGAS
Com o fim da Copa, voltaram também os moradores de rua, que ocupam outra vez a porta de lojas, áreas sob marquises e até jardins de prédios na Savassi. Eles empilham caixas de papelão novamente para se proteger do frio. Na quinta-feira, um cibercafé na Rua Fernandes Tourinho foi arrombado por moradores de rua, que consomem drogas na porta do estabelecimento. A proprietária Gesseara Aricó Pedro conta que o grupo passa as noites fumando cachimbos na frente da loja e que geralmente ela encontra os apetrechos e tóxicos enterrados em seus vasos e nos jardins. “Desta vez, os moradores de rua ficaram escondidos atrás dos papelões. Arrancaram um olho de gato (taxão) que faz a separação das faixas da rua e atiraram a peça para quebrar a vidraça. Entraram na vitrine e levaram vários pares de sapatos”, conta.
A insegurança também ocorre no Hipercentro e no Barro Preto, segundo o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Helbert Figueiró de Lourdes.
A PM não informou o percentual de aumento dos crimes. Uma das estratégias será o lançamento do motopoliciamento, na semana que vem. “Já na segunda-feira, vamos começar os treinamentos das equipes de patrulha. As motos permitirão muita mobilidade e os policiais poderão estacionar com facilidade, conversar com os comerciantes e se fazer mais presentes”, afirma o comandante. Outro reforço será o ingresso de mais militares para a corporação em novembro, mas o número ainda não foi definido.
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