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Estado de Minas

Calouro vítima de trote violento em SP ganha direito a transferência para UFMG

O estudante foi agredido com socos e garrafadas por veteranos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e perdeu a consciência. Quando acordou, estava seminu na beira de uma piscina


postado em 03/08/2014 10:35 / atualizado em 03/08/2014 16:43

Um calouro mineiro que sofreu um trote violento durante festa realizada por alunos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e abandonou a instituição em março deste ano ganhou na Justiça o direito à transferência para o curso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Luiz Fernando Alves, de 22 anos, entrou com o pedido depois de ser hostilizado e sofrer ferimentos provocados por veteranos da unidade de ensino paulista a ponto de perder a consciência. O primeiro pedido de troca de escolas chegou a ser indeferido em 21 de julho, mas, após recurso, foi aceito em liminar concedida pela juíza federal Hind Ghassan Kayath.

No pedido de transferência encaminhado à Justiça, o jovem alegou ter sido humilhado em um evento organizado fora da Famerp por estudantes veteranos do curso de medicina. Segundo o documento, Lucas foi "obrigado a servir, de joelhos, cerveja aos veteranos, colocando a garrafa na cabeça e, se deixasse cair, recebia (...) tapas e chutes fortes a ponto de deixarem hematomas". Ainda de acordo com o relato do calouro, como muitos deixavam as garrafas caírem, "havia muito caco de vidro pelo chão, o que causou cortes nos joelhos".

Os veteranos também obrigaram os recém-chegados a consumir bebida alcoólica em excesso e foram atingidos por garrafas na cabeça. Na ocasião, Lucas relatou que desmaiou e quando recobrou a consciência, estava seminu na beira de uma piscina, com o corpo coberto por urina e vômito. Diante do fato, o jovem, que é de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, não quis mais permanecer na faculdade de São José do Rio Preto e entrou com a ação no intuito de estudar na UFMG e assim ficar mais próximo de sua família, que o ajuda a se recuperar do trauma.

Na decisão divulgada em 31 de julho, a juíza federal considerou que, embora a Lei de Diretrizes e Bases da Educação condicione a transferência de alunos entre instituições de ensino superior à existência de vaga e processo seletivo, o caso de Lucas deve ser tratado como uma situação especial"e que, por isso mesmo, merece tratamento excepcional por parte do Poder Judiciário". Entre as razões para essa conclusão está o fato de laudos médicos comprovarem que o jovem – autista e portador de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) – teve seu quadro clínico agravado após o episódio.

Ainda não se sabe quando o jovem poderá dar início aos estudos na UFMG. Procurada pelo em.com, a assessoria da instituição informou que ainda não foi notificada pela Justiça.


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