Jornal Estado de Minas

Perícia trabalha no bloco de fundação do viaduto da Avenida Pedro I

Tiago de Holanda
A perícia técnica da Polícia Civil começou ontem a romper o bloco de fundação da estrutura da alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, para inspecionar seu interior.
O trabalho permitirá aos peritos examinar as armações de aço presentes na peça de concreto. A construtora Cowan, responsável pela obra, afirma que o bloco não suportou o peso do pilar por ter menos ferragens do que o necessário. Segundo a empresa, o erro de cálculo está no projeto executivo, feito pela Consol Engenheiros Consultores, que nega a falha. No domingo, os peritos concluíram as escavações no entorno do pilar que afundou com a queda da alça sul, segundo a assessoria de imprensa da corporação.


O rompimento do bloco é tarefa delicada, segundo já afirmou o diretor do Instituto de Criminalística, Marco Paiva. “Esse trabalho terá que ser feito quase manualmente, para que vejamos as tramas de ferragem”, disse. Essa etapa, assim como as escavações, é executada pela Cowan, sob coordenação da Seção Técnica de Engenharia Legal do instituto. Não foram informados detalhes de como o serviço será feito nem quando terminará.

A polícia afirma que a alça sul caiu porque esse bloco de fundação se partiu, fazendo o pilar que era sustentado afundar e levar junto duas das 10 estacas fincadas sob essa estrutura. A corporação, porém, diz desconhecer o que causou o que fez esse bloco se partir.

A análise do pilar, do bloco e das estacas gerará um laudo técnico, que tem 30 dias para ficar pronto a contar de sexta-feira, quando as escavações começaram. Esse parecer é a principal peça do inquérito coordenado pelo delegado regional de Venda Nova, Hugo e Silva. Ele disse ontem que planejava formalizar à Justiça um pedido de prorrogação do prazo para término da investigação, que deveria ter sido concluída domingo, 30 dias após ter começado, em 3 de julho, dia do desabamento que matou duas pessoas e feriu 23.

Laudos

Um laudo não oficial encomendado pela Cowan, divulgado em 22 de julho, afirma que o bloco que se partiu sob o pilar foi projetado como rígido, o que fez a quantidade de aço calculada para sua composição ser inferior ao ideal. Segundo o relatório, o projeto executivo definia 50,3 centímetros quadrados de aço na composição dessa peça, enquanto o necessário seriam 879,3 centímetros quadrados, nos cálculos de Catão Francisco Ribeiro, autor do parecer contratado pela construtora. A Consol nega que tenha cometido equívocos. O diretor do Instituto de Criminalística, Marco Paiva, confirmou que a estrutura foi concebida como rígida, mas disse não ter condições de avaliar se essa foi uma escolha errada.

 

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