Apesar de descartar casos de contaminação pelo vírus ebola no Brasil, as unidades de saúde de Minas Gerais já estão de sobreaviso para identificar pessoas vindas da África com febre alta ou que desenvolvam esses e outros sintomas no intervalo de 21 dias, período de incubação da doença. Se vier de Serra Leoa, Guiné, Libéria ou Nigéria, países com o maior número de casos, este paciente poderá ser isolado em hospitais de referência em infectologia no estado, até que o diagnóstico de ebola seja descartado.
Os procedimentos serão melhor detalhados em um plano de enfrentamento de casos suspeitos de infecção pelo vírus ebola, que será lançado a partir de amanhã pela Secretaria de Estado da Saúde. “Vamos comprar mais equipamentos de proteção individual e treinar nossas equipes para dar assistência a esses pacientes, já que não existe remédio para a doença”, afirma Tânia Marcial, médica infectologista e assessora da subsecretaria de Vigilância e Proteção à Saúde.
Nos últimos 15 dias, a secretaria de Saúde de Minas lidou com três notificações de pacientes que chegaram da África com febre. Os três casos eram de malária em estágio avançado. Dois dos pacientes morreram. Um deles era nascido em Itaúna, no Centro-Oeste mineiro. Esteve na África para visitar um amigo que trabalha no Togo e voltou com malária. Chegou a ser internado no CTI, mas morreu no dia 31.
O terceiro caso é de um homem procedente do Congo, mas que mora em BH. Ele teria ido ao país africano de origem para visitar familiares e se contaminou por malária. Ao apresentar febre alta, buscou tratamento no Hospital Odilon Behrens, sendo transferido há três dias para o Hospital Eduardo de Menezes, referência em infectologia. Já está fora de perigo e passa bem de saúde.
VIAGENS
Maria Tereza Oliveira, da Secretaria de Saúde de Belo Horizonte, recomenda adiar viagens a negócios ou a passeio para a África. “Se possível, é melhor evitar os países de maior risco. Pelo regulamento internacional, porém, não há proibição nem da vinda de pessoas de lá, nem da entrada de pessoas daqui provenientes daqueles países”, afirma. Ela explica que a contaminação pelo vírus ebola foi descoberta em 1967 no Zaire. “A doença não é nova. O que está assustando é que ela está migrando para outros lugares”, completa.
Voos cancelados para África
A British Airways informou que suspendeu temporariamente os voos com partida e chegada de Libéria e Serra Leoa até o final de agosto em razão da piora na epidemia de ebola nesses países. É a terceira companhia a tomar esse tipo de decisão: a Emirates suspendeu viagens para Guiné e a Arik Air, nigeriana, para Libéria e Serra Leoa.
AMERICANA A missionária norte-americana Nancy Writebol, de 59 anos, infectada com o vírus ebola na África Ocidental usava uma roupa branca de proteção foi levada ontem para um hospital de Atlanta, onde receberá tratamento, assim como o médico Kent Brantly, de 33, um outro agente humanitário dos EUA que contraiu a doença.
Nancy chegou aos EUA depois de ser transferida durante a noite da Libéria e será tratada por especialistas em doenças infecciosas do Hospital da Universidade de Emory. Ela ficará em uma ala de isolamento. Acredita-se que os dois sejam os primeiros pacientes com ebola já tratados nos Estados Unidos, e as autoridades de saúde disseram que o vírus não representa uma ameaça significativa para a população.
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