Jornal Estado de Minas

Ipês cor-de-rosa tomam conta de praças, jardins e ruas de BH

Belo-horizontinos se encantam com a beleza das árvores. Vale fazer selfie e até tomar "banho" de flores

Jefferson da Fonseca Coutinho
Marina Sena não perdeu tempo e fez uma foto com o celular na Pampulha: os ipês florescem de julho a setembro e frutificam em setembro e outubro - Foto: Beto Novaes/EM/D.A Press.
As tabebuias dão alegria ao inverno. É. A família das bignoniáceas sabe como ninguém embelezar paisagens. Tabebuias? Bignoniáceas? O belo tem nome mais simples, de três letras: ipê. Desde o mês passado, os ipês cor-de-rosa colorem praças, jardins, ruas e avenidas de Belo Horizonte. A floração é breve e dura média de 15 dias. De norte a sul da capital, ainda que nas esquinas mais raras, podem-se ver as árvores altas, bem copadas, explodindo em cor e energia. Para os mais românticos, “uma saudação à primavera, que chega no próximo mês”, diz Anita Soares, de 25 anos.
A estudante de moda é fascinada pelos ipês. Revela que, nesta época, chega a passar horas contemplando as árvores.

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Na Região da Pampulha, Marina Sena não resistiu e fez selfie para compartilhar. Em vários pontos, passantes dedicam o olhar à graça que risca o azul mais frio dos céus da cidade. O ipê floresce de julho a setembro e frutifica em setembro e outubro. Primeiro, o cor-de-rosa; depois, o amarelo e, por fim, o mais raro e breve deles, o branco. Depois da floração, surgem as folhas digitadas, de cinco a sete folíolos. Fora o período de beleza das flores, a árvore viva é só tronco e galhos. Sendo assim, ao alto, é tempo de prazer “de cor e beleza”, como escreveu Rubem Alves. Os próximos três meses são de encantamento.

"Chuva"

Layla Ribeiro, de 33, aproveitou a tarde em flor para passear com as cadelas Mel, Vida e Jolie. Tocada pela beleza do que é natural, a advogada passa parte da tarde na Praça da Liberdade para “tomar banho de flor”. “Minha amiga diz que quando as flores tocam a gente, elas trazem sorte”, diverte-se. Enquanto isso, a amiga, Letícia Camarano Minas, de 32, está de braços abertos sob a copa do pé de ipê em frente ao Palácio da Liberdade. Banha-se do que ela chama de “chuva de flor”.
Moradora do Bairro São Bento, na Região Centro-Sul, a também advogada fala na força da natureza e cita Fernando Pessoa: “Eu, que sou mais irmão de uma árvore que de um operário”.

Letícia, consultora ambiental, conta que já plantou muito ipê amarelo em área dedicada a reserva. Ressalta que a paixão pela natureza é tamanha que, há tempos, deixou a lida com direito criminal para se dedicar exclusivamente ao meio ambiente. Recorre a Manoel de Barros para falar na grandeza das coisas miúdas. Para pontuar, sorri consideração: “Se todo mundo tomasse chuva de flor, a gente seria bem mais feliz”. Então, que venham o amarelo e o branco!.