Sandra Kiefer
Em 15 dias, o Vale do Sereno vai passar a fazer jus ao próprio nome. Não apenas pelo frio característico do novo bairro, que nasce entre as montanhas de Nova Lima, na Grande BH, mas também pela chegada de um verdadeiro marco de fé e serenidade a ser instalado no lugar. É que está prevista para o dia 23, às 17h, uma missa em que será anunciada a construção da Igreja Bom Jesus do Vale, que vai reunir os primeiros moradores dos condomínios fechados, dispostos a abraçar a ideia de construir a primeira igreja do novo bairro.
A Arquidiocese de Belo Horizonte, que está no meio do processo de construção da Catedral Cristo Rei, na Região Norte, prepara uma expansão católica, com a construção de 12 igrejas na capital e na região metropolitana, para se aproximar ainda mais dos fiéis. Cada uma das quatro regiões episcopais da arquidiocese receberá três templos. Eles simbolizam os 12 apóstolos. Os locais ainda estão sendo definidos, mas já foram escolhidos dois bairros na Região Leste da capital, Betim, Ibirité, Nova Lima e Ribeirão das Neves, na região metropolitana, que terão uma nova igreja cada um.
Segundo a arquidiocese, todos os esforços estão voltados para financiar as obras da Cristo Rei, espaço projetado para 20 mil pessoas pelo arquiteto Oscar Niemeyer. As 12 novas igrejas serão edificadas de forma simultânea à catedral, com o compartilhamento de engenheiros e arquitetos, além de materiais de construção arrecadados em campanhas. Em relação aos custos, só a catedral está orçada em até R$ 100 milhões.
Entre as novas igrejas de BH, a do Vale do Sereno está em fase mais adiantada. Por enquanto, as celebrações vão ocorrer dentro da estrutura provisória, montada a partir do reaproveitamento de contêineres e tocos de madeira. Mas é por pouco tempo. O projeto está nas mãos abençoadas do padre Alexandre Fernandes, que atrai 7 mil pessoas às missas nos fins de semana na Paróquia Nossa Senhora Rainha, no Belvedere, no Centro-Sul, vizinho do Vale do Sereno.
Com o apoio da comunidade, ele toca 34 projetos sociais, inclusive ambulatório com 17 mil atendimentos. “Ajudei a construir a igreja no Belvedere, participei de campanhas para comprar piso. Agora, vamos começar a mobilizar a turma do Vale do Sereno”, afirma o engenheiro Paulo Mourão, de 59 anos, que afirma ser o segundo morador do novo bairro.
Devoção e preservação ambiental
A Igreja de Bom Jesus do Vale terá uma parede de vidro no fundo, com vista para uma reserva de mata atlântica, segundo o croqui do arquiteto Gustavo Penna, que fez o projeto gratuitamente para a arquidiocese. “Será um apelo muito forte para preservar a mata, que é meu desejo mais íntimo”, confessa o padre Alexandre, que recebeu a doação do terreno de 5 mil metros quadrados de um grupo de investidores do Vale do Sereno, que prefere se manter no anonimato. Ele também não revela o valor da obra.
“Gosto de pensar que existe um lugar onde a gente pode agradecer por estar vivo. A igreja é o único lugar onde você se sente realmente grande, onde você transborda”, afirmou o arquiteto. Sempre que possível, Penna frequenta as missas celebradas por padre Alexandre. “Ele tem uma força interior, uma fé, uma enorme energia interna e, por isso mesmo, é tão seguido. Dizem que o que está dentro, está fora,” disse.
Padre Alexandre informou que a prioridade é a Catedral Cristo Rei e que não vai abandonar as missas no Belvedere. Na de amanhã, ele vai anunciar a transferência da celebração das 8h45 para padre Dalmo Riggo, que divide com ele as tarefas da Paróquia Nossa Senhora Rainha. Ele permanecerá com as outras quatro missas de domingo e aos sábados assumirá ainda uma nova, às 11h, no Vale do Sereno.