A Polícia Militar de Minas Gerais divulgou nota nesta tarde informando que “integrantes da invasão na região do Isidoro, na Zona Norte de Belo Horizonte obstruíram as vias de acesso com pneus e entulhos, neste domingo. Os moradores, que utilizam as vias de acesso, acionaram a Polícia Militar para restabelecer o acesso, a qual, mesmo tendo sido recebida por pedradas e tiro, conseguiu desocupar as vias, não se fazendo necessária a permanência no local”.
De acordo com a Sala de Imprensa da PM, não foi realizada uma operação específica no local. As viaturas teriam se deslocado até lá com o objetivo de desobstruir a via asfaltada que dá acesso à região. Ainda segundo a corporação, um tiro teria sido ouvido, vindo do grupo de moradores, mas assim que a desobstrução foi feita, os militares do 13º Batalhão e do Rotam teriam dado meia-volta e deixaram o local.
Não houve feridos e a situação, neste momento, voltou à tranquilidade, de acordo com informações tanto das Brigadas Populares quanto da Polícia Militar.
Reintegração de posse prevista para esta segunda-feira
O coronel Ricardo Garcia Machado, do Comando de Policiamento Especializado (CPE), informou aos moradores, em reunião na tarde da última quinta-feira (7), que a polícia está em plenas condições técnicas para iniciar a retirada das famílias.
Segundo major Gilmar Luciano, da assessoria de imprensa da PM, o informativo do coronel cumpre o último protocolo legal para realização do despejo. De acordo com ele, a reunião foi para “dar ciência às partes interessadas”. Conforme o Estado de Minas adiantou na quarta-feira, estarão envolvidos militares da 1ª Região da PM e CPE.
Além deles, também foram convocados policiais da 3ª Região da PM. Em nota, a corporação disse ainda que "as ações serão levadas a efeito, na sua plenitude, a partir do dia 11 de agosto de 2014".
O efetivo entrará na área ocupada pelas comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória. Além da PM, vão participar da operação 120 assistentes sociais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), bombeiros, policiais civis e representantes do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
O representante das Brigadas Populares, Rafael Bittencourt, disse que a PM continua com o posicionamento somente de informar e não abriu diálogo com os moradores. Para ele, o maior problema é que a polícia disse que as pessoas serão levadas para abrigos, apoiados pela prefeitura, mas não informaram onde são esses abrigos e nem se estão preparados para receber todas as família. Com base em cadastro da prefeitura, a PM calcula que 2,5 mil famílias devem deixar a Granja Werneck, mas moradores declaram que já são mais de 8 mil famílias.
A reintegração de posse é determinada pela Justiça por meio de liminar. As comunidades estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da Ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte. O projeto pretende diminuir o déficit de 62,5 mil moradias dessa faixa na capital mineira.
Em nota divulgada, as Brigadas Populares afirmam:"Um despejo de tamanha envergadura não deve ser realizado sem que as possibilidades de conciliação tenham sido esgotadas e sem que se apresente uma alternativa de moradia digna para as famílias, conforme previsto nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário e no Estatuto das Cidades. O massacre está anunciado! Clamamos às organizações da sociedade civil, os poderes públicos, entidades de direitos humanos e políticos comprometidos com as causas sociais a apoiarem as ocupações do Isidoro, denunciando a questão em todos os espaços possíveis, acionando contatos e instâncias jurídicas nacionais e internacionais.
O comunicado diz ainda: “Diante desse grave conflito instalado conclamamos toda a sociedade brasileira e os seus setores sociais engajados na luta por uma sociedade mais justa e fraterna a unirem forças em torno de uma solução pacífica e negociada que respeite o direito à moradia e à cidade, bem como a dignidade da pessoa humana, das milhares de famílias que estabeleceram ali suas casas e projetaram ali seus sonhos de uma nova cidade.” .