Dois assaltos a supermercados na Região Oeste de Belo Horizonte em apenas uma semana levam empresários a reforçar os sistemas de vigilância e cobrar empenho mais efetivo da polícia. O setor atribui os assaltos a falhas na segurança pública. O primeiro crime ocorreu no início do mês, quando um menor de apenas 14 anos e um rapaz de 23 tentaram assaltar o Verdemar, na Avenida Raja Gabaglia, Bairro Estoril. Os dois morreram em troca de tiros com um policial e um segurança. O outro foi no domingo à noite, no Super Nosso da Avenida Professor Mário Werneck, no Buritis, onde um adolescente de 17 anos e dois rapazes de 18 e 20 invadiram o local e mantiveram funcionários reféns.
Superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues destaca o alto investimento do setor em pessoal e sistemas de segurança. “Disponibilizamos as imagens para ajudar nas investigações, pois temos uma infinidade de equipamentos explícitos e ocultos. Os ladrões sabem disso, mas os desavisados caem na malha montada pelo setor para se proteger”, afirma.
Ele lembra que caixas eletrônicos foram retirados dos estabelecimentos para evitar a mira dos assaltantes especializados em explosão desses equipamentos. Por isso, considera pontuais os últimos episódios. “As empresas têm várias estratégias de vigilância, mas acredito que a responsabilidade maior passa pela segurança pública. O setor faz altos investimentos e é isso que tem protegido e garantido a segurança do patrimônio, dos funcionários e dos consumidores”, afirma. Para Rodrigues, em locais onde há déficit de policiamento, é preciso ação ainda mais urgente da polícia. “É o mínimo necessário se analisarmos a carga tributária que pagamos: segurança para trabalhar.”
Diretora de marketing do grupo Super Nosso, Rafaela Nejm também cobra ação efetiva da polícia. “Temos fiscais, câmeras e esquemas de proteção, mas mesmo assim ficamos vulneráveis e, por falha da segurança pública, os bandidos estão fazendo a festa”, diz. Ela afirma que funcionários passam constantemente por treinamento e sempre há reforço de pessoal e de equipamentos de vigilância. Na loja onde ocorreu o assalto frustrado, haverá incremento da proteção. “As empresas privadas estão se virando e não medem esforços para garantir a segurança de funcionários e clientes, mas o setor público também precisa tomar providências.”
O mesmo clamor é feito pelo setor de bares e restaurantes, que também viveu episódio dramático com um arrastão num estabelecimento no Bairro Sion, na Região Centro-Sul de BH, na sexta-feira à noite vs e não entende o interesse dos ladrões num tipo de comércio no qual predomina o pagamento com cartões. “O cartão se tornou moeda de pagamento em 90% dos casos e isso diminuiu bastante os assaltos. A movimentação de dinheiro vem caindo e, por isso, ficou menos atrativo para os bandidos”, diz. Para ele, é necessária intervenção mais eficaz do sistema público. “O dinheiro despendido com segurança pelo setor é grande. É uma questão que concerne a bares e restaurantes, mas a polícia e o governo devem dar segurança a quem está num momento de lazer.”
O subcomandante do 5º BPM, major Antoniézio Alves de Souza, diz que “a região dos bairros Buritis, Estoril e Estrela Dalva vem crescendo tanto que acaba atraindo criminosos”. Segundo ele, embora a localização seja estratégica em relação a planos de fuga, devido à proximidade da BR–356 e do Anel Rodoviário, o índice de violência é pequeno. “Mesmo assim, mantemos patrulhamento intensificado durante 24 horas por dia”, garante o oficial. Além das rondas intensificadas nos três turnos, o policiamento é reforçado por outras unidades, como a cavalaria e o Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam).
Ataque
O trio que invadiu o supermercado no Buritis ameaçou e agrediu funcionárias com tapas e coronhadas na cabeça, uma, inclusive, sofreu traumatismo craniano. Jonathan Ferreira da Luz, Lucas Vinícius de Morais e W.S.V. foram presos por policiais militares quando se preparavam para fugir com R$ 7,7 mil em dinheiro. A polícia acredita que um quarto criminoso dava cobertura ao assalto. Um Fiat Palio cinza, com registro de roubo no dia 8 e usado pelo bando, foi abandonado perto do supermercado.
As câmeras do supermercado flagraram o momento em que os três tomaram a arma de choque do segurança e dominaram oito funcionários no escritório da loja, que já estava para ser fechada. Com duas réplicas de pistolas e um revólver calibre 32, os bandidos obrigaram as vítimas a se deitarem no chão e começaram as ameaças e agressões. A pistola estava com o adolescente, que agrediu duas funcionárias a coronhadas. Avisados por um funcionário, policiais do 5º BPM chegaram a tempo de prender os três assaltantes e recuperar o dinheiro.
Em nota, o grupo Super Nosso informou que mantém amplo sistema de segurança, mas aumentará o número de vigilantes e de câmeras. A empresa afirmou ainda que as funcionárias agredidas foram levadas a uma unidade de saúde e, depois de exames, liberadas.