Valquiria Lopes
Mesmo após um mês do fim da Copa do Mundo, Belo Horizonte ainda guarda marcas do mais importante evento esportivo do planeta. Placas indicativas de eventos que ocorreram durante o torneio, como a Fan Fest, estão espalhadas pela cidade e o inglês passou a fazer parte dos cardápios em bares e restaurantes. As amizades e romances entre brasileiros e estrangeiros persistem nas redes sociais, inclusive com promessas de novos encontros. Na Savassi, ponto que se tornou o coração da festa futebolística, não há mais turistas como no período do Mundial, mas quem trabalha nos quarteirões fechados da Praça Diogo de Vasconcelos não consegue esquecer a multidão de visitantes que veio à capital mineira.
É como se BH guardasse os vestígios, sem querer se despedir dos 32 dias de torcida, alegria e confraternização. Mesmo sem os gringos que durante a Copa fizeram fila à espera de cerveja e porções no bar Tudo no Espeto, na Savassi, o operador de caixa Afonso Araújo, de 51 anos, expõe o cardápio com os nomes dos petiscos escritos em inglês. “A Copa serviu para mostrar que é importante ter uma apresentação dos produtos em outra língua”, afirmou. Na vizinha Cafeteria Três Corações, na Praça Diogo de Vasconcelos, a atendente Cristiana do Carmo, de 26, reforça a afirmação de Afonso. “O cardápio bilíngue foi feito para a Copa e ajudou bastante. Não vou me esquecer nunca do Mundial”, diz.
No Expominas, na Gameleira, a estrutura para abrigar a festa oficial da Fifa, a Fan Fest, foi desmontada. Entretanto, quem passa pelo Anel Rodoviário ainda vê placas com indicações sobre como chegar ao centro de eventos. Em toda a cidade, a Prefeitura de Belo Horizonte instalou 80 placas alusivas a eventos da Copa e, sem informar quantas já foram retiradas, afirmou que a remoção está sendo feita de forma gradativa.
Na Avenida do Contorno, na Savassi, uma placa ainda anuncia, em português e inglês, que há acomodações disponíveis para junho e julho. Proprietário do imóvel de 14 apartamentos, o empresário Lúcio Aleixo, de 35, diz ter se esquecido de retirar a sinalização. “Com a proximidade da Copa, vi a oportunidade de lucrar com aluguéis. Depois, nem pensei em retirá-la”, disse o empresário. Ele adiantou que vai providenciar a remoção o quanto antes.
PAQUERA Foi em uma mesa de bar da Savassi que os primeiros olhares foram trocados, mas foi apenas um encontro e não houve tempo hábil para que a fisioterapeuta Mychelle Portugal, de 33, conhecesse melhor o técnico em eletrônica norte-americano Joe Vazquez, de 38. Na mala, Joe levou mais do que boas lembranças da hospitalidade e da comida mineira. “Naquele dia, trocamos telefone e desde então conversamos todos os dias. Estamos nos conhecendo melhor e vivendo um clima de paquera. Ele vai voltar a BH em setembro e, quem sabe, podemos ter algo a mais?”, diz Mychelle, de olho nas fotos do novo candidato, no celular.
INVASÃO DE TURISTAS
A Copa foi um sucesso de visitação em BH. Durante o Mundial, a capital mineira ficou lotada e ao fim dos jogos recebeu o título de terceiro destino mais procurado por turistas de outros países. De acordo com o Ministério do Turismo, o Brasil recebeu 1 milhão de estrangeiros durante o evento. Um quinto deles teve BH como destino (20,8%), atrás apenas do Rio (70,7%) e São Paulo (43,3%). Os números não levam em conta os cerca de 3 milhões de brasileiros que viajaram internamente no país. Belo Horizonte também foi bem avaliada, com índices que ultrapassaram os 90%, entre os turistas internacionais, e 80%, entre os brasileiros. A hospitalidade mineira, a segurança pública e as opções de diversão noturna tiveram aprovação ainda maior (94%).