Bombeiros de Minas Gerais estão sob alerta para fazer, caso seja necessário, o transporte aéreo de pacientes com sintomas de ebola do interior para o hospital de referência em Belo Horizonte, o Eduardo de Menezes. Essa é uma medidas adotadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), que apresentou ontem o seu plano de contingência para tratar casos suspeitos da doença. As remoções na região metropolitana serão feitas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Todas as equipes foram treinadas para tomar os cuidados necessários e evitar contaminação. “As pessoas que vão fazer o transporte, assim como aquelas que vão prestar assistência nos hospitais, precisam utilizar equipamentos de proteção individual, pois a transmissão da doença ocorre pelo contato com secreções, sangue, fezes e urina”, disse a subsecretária de vigilância e proteção à saúde da SES, Tânia Marcial. O kit de segurança contém macacão, óculos, máscara facial, toucas e capotes impermeáveis, botas de borracha, viseiras, luvas e fitas adesivas.
Segundo Tânia, o risco da entrada do ebola em Minas é pequeno, mas não é descartado. Várias equipes foram treinadas, segundo ela. “Qualquer caso de pessoas com febre e que forem procedentes da Serra Leoa, da Libéria, da Nigéria e de Guiné serão casos suspeitos”, disse Tânia. Os sintomas são febre súbita seguida de sinais de hemorragia. A orientação é procurar atendimento médico imediatamente.
Procedimento A recomendação para os profissionais da saúde é que não façam o atendimento desses pacientes nos postos de saúde ou hospitais da rede privada ou pública. O paciente deve ser levado para uma sala isolada. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância de Saúde (CIEVS) da região será alertado – o CIEVS de BH tem plantão 24 horas. Esta semana, houve denúncia de um caso que não foi confirmado. O paciente tinha chegado de um outro país, não relacionado com a transmissão do ebola. Houve três casos de malária envolvendo pessoas que retornavam da África, sendo que dois pacientes morreram. Segundo Tânia, vários mineiros que trabalham na construção civil naquele continente estão retornando, mas profissionais da medicina do trabalho das empresas estão bem orientados.
Pacientes com suspeita de ebola terão o seu sangue coletado apenas no Hospital Eduardo de Menezes e as amostras serão encaminhadas em contêineres de segurança para o Instituto Evandro Chagas, que é referência nacional de virologia no Brasil e tem unidades em Belém (PA) e Rio de Janeiro (RJ).
Enquanto isso...
...OMS confirma 1.069 mortes na África
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou ontem que 1.069 mortes causadas pelo ebola foram registradas em Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa. A doença parece estar contida no território nigeriano, mas, “nos outros lugares, o surto deve continuar por algum tempo”, alertou a OMS. Em Serra Leoa, onde médicos sem fronteiras trabalhavam na cidade de Kailahun para desinfetar sacos com corpos de vítimas (foto), os Estados Unidos começaram a retirar famílias de funcionários da embaixada, citando preocupação com a sobrecarga das instituições médicas. Autoridades norte-americanas dizem que as medidas representam uma “abundância de precaução”, mas elas evidenciam a escalada da crise de saúde pública que se instala no Oeste da África. Também ontem, o presidente Barack Obama conversou com os líderes da Libéria e de Serra Leoa e disse que os EUA estão comprometidos com o trabalho para conter a epidemia.