Jornal Estado de Minas

Internações no SUS por depressão sobem 14,7%

Junia Oliveira
Os diagnósticos de depressão têm aumentado nos últimos anos, segundo profissionais, impulsionado, possivelmente, por dois fatores: o ritmo de vida moderno tem gerando mais doentes e, por outro lado, número maior de afetados procura ajuda.
As secretarias de Estado e Municipal de Saúde não sabem informar quantos são os pacientes diagnosticados com depressão atendidos nas respectivas redes. Médicos são unânimes: quanto mais cedo se procura ajuda médica, maiores são as chances de cura.

De acordo com o Ministério da Saúde, de 2003 a 2013, houve aumento de 14,7% no número de internações no Sistema Público de Saúde (SUS) por depressão no país. A quantidade de pessoas que ocuparam os leitos hospitalares saltou de 53.700 para 61.604 em uma década. A internação é indicada para pacientes em estágio tão avançado da doença que não conseguem se alimentar, sair da cama, aceitar medicamento ou têm a vida em risco.

O clínico-geral Geraldo Carvalhaes, especializado em dores crônicas e em atendimento a pacientes com depressão, concorda que a incidência da doença é alta, mas alerta que, muitas vezes, é má diagnosticada pelos médicos e interpretada de forma errada pela família do doente. Segundo ele, grande parte dos clínicos não faz diagnóstico da depressão e não há número suficiente de psiquiatras no país para atender a demanda. “Além de não haver formação adequada, a medicina hoje é corrida, com atendimentos de 10 a 15 minutos. Para se fazer um diagnóstico de depressão, são necessárias até três consultas de pelo menos uma hora”, diz.

Atenção

Ouvir o paciente e verificar as alterações hormonais permite concluir pela depressão propriamente dita ou pela doença mascarada, de difícil detecção.
Carvalhaes explica que queixas somáticas, como dores lombares e crônicas, podem estar relacionadas a quadros depressivos. E se o médico não estiver atento, pode indicar até cirurgias desnecessárias. Além de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos, entre os tratamentos oferecidos por ele estão terapia, estimulação magnética transcraniana (sem efeito colateral e com poucas contraindicações, consiste em estimular o cérebro com uma onda eletromagnética que vai liberar os neurotransmissores, a exemplo do efeito dos antidepressivos) e um soro à base de quetamina.

FIQUE ATENTO

Veja como identificar a depressão e tratá-la

SINTOMAS

Psíquicos: Comprometimento do raciocínio, da memória, vontade e iniciativa. Desânimo
Comportamentais: nervosismo, cansaço, tendência à introspecção, baixo desempenho no trabalho e incapacidade de sentir prazer
Biológicos: dores musculares e de cabeça. Pode haver ganho de peso, lesões dermatológicas, tonteira, náusea, dores no peito e insônia
Afetivos: Diminuição do humor, tristeza, negativismo.
» COMO TRATAR
Tratamento medicamentoso: antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos
Psicoterapia
Apoio de familiares e amigos
FONTE: Maurício Leão – Presidente da Associação Mineira de Psiquiatria

Vencendo o preconceito

MITOS SOBRE DEPRESSÃO

Só ocorre em quem é frágil ou não tem temperamento forte
Com o avançar da idade, depressão é algo natural
A recuperação só depende de força de vontade
Toda tristeza é depressão

VERDADES SOBRE A DOENÇA

Pessoa deprimida está acometida por quadro psiquiátrico. Não significa que ela não tenha força
A depressão não deve ser vista como algo natural, é uma doença. Não se pode afirmar que a prevalência é maior em idosos
Depressão é doença e requer tratamento
A doença é uma condição psíquica, apesar de ter a tristeza como base

FONTE: RODRIGO MENDES D’ANGELIS, PSIQUIATRA E PROFESSOR DA FUMEC.