Os congestionamentos continuam no entorno do Viaduto Batalha dos Guararapes, mesmo com os novos desvios de trânsito, que, vigentes desde o feriado de sexta-feira, enfrentaram ontem o primeiro dia útil. Motoristas desrespeitaram bloqueios feitos pela BHTrans e até invadiram pistas exclusivas do BRT/Move na Avenida Dom Pedro I, que passou a ter um trecho mais extenso liberado para o tráfego. Na via, as mudanças dividem comerciantes. Alguns acreditam que haverá aumento na clientela, que despencou desde o desabamento parcial do elevado em 3 de julho, enquanto outros temem que a situação siga ruim.
Quando se aproximam do trecho interditado, onde a alça sul do viaduto caiu e a alça norte permanece de pé, os motoristas que seguem pela Pedro I em direção à Região da Venda Nova devem subir o Viaduto João Samaha e entrar à direita na Rua Doutor Álvaro Camargos. Essa via teve engarrafamentos nos dois sentidos na manhã de ontem. O trânsito era menos intenso, embora quase sempre lento, nas ruas Eugênio Volpini e Doutor Américo Gasparini, que completam o desvio até a Pedro I. No último cruzamento, um semáforo destinado a garantir a travessia de pedestres é ignorado pela maioria dos condutores, o que ocorre desde sexta-feira. A infração é cometida até por motoristas de ônibus do BRT e do sistema BHBus.
Na Pedro I, bloqueios feitos pela BHTrans também são frequentemente transpostos, como nas interseções com as ruas Bernardo Ferreira da Cruz e Antônio Ferreira da Cruz.
“Fiquei aqui das 6h40 às 8h40, até acabar o horário de pico e o trânsito começar a alivar, para evitar que furassem as barreiras. Mas agora voltamos e vimos que as fitas estavam arrebentadas e tinham tirado alguns cones do lugar. A gente vai ficar passando aqui de vez em quando para ver se o pessoal está respeitando”, disse a agente da BHTrans, sem querer se identificar. Por volta das 10h, pouco antes de ir embora, ela disse, sorrindo: “Daqui a pouco eles furam de novo”. Meia hora depois, quando a reportagem voltou ao local, dois cones da barreira na interseção com a Antônio Ferreira da Cruz já tinham sido mudados de posição e vários carros passavam pela brecha aberta.
A BHTrans afirmou, por meio de nota, que, com a barreira na interseção com a Bernando Ferreira da Cruz, a orientação é que os condutores "acessem a Pedro I por meio da Avenida Vilarinho e a Rua Padre Pedro Pinto". "Agentes permanecem monitorando o local e a sinalização será reforçada para coibir o desrespeito", prossegue o texto.
NA CONTRAMÃO
Ainda na Pedro I, na interseção com a rua Professor Aimoré Dutra, cones de um bloqueio também foram deslocados e motoristas seguiam na contramão. Perto das estações Cristiano Guimarães do BRT, veículos que seguiam no sentido Venda Nova invadiam as pistas exclusivas dos ônibus para cruzá-las e acessar as faixas mistas no sentido Centro. A manobra pode provocar acidentes com os coletivos e é proibida, embora ontem não houvesse sinalização indicando essa proibição. "A conversão já está sendo monitorada pelos agentes da BHTrans", informou a empresa ontem, em nota.
As mudanças no trânsito na região desagradaram alguns comerciantes, como Leopoldo dos Anjos, gerente de uma loja de autopeças na Pedro I, esquina com a Américo Gasparini. “Em julho, nosso faturamento caiu 50%.
Por sua vez, Jaime Villar, dono de um bar no número 2.233 da Pedro I, acredita que o negócio será beneficiado pelas alterações. “Agora, pelo menos estão passando alguns veículos na nossa porta. Antes não passava quase nenhum. Nosso movimento caiu mais de 70% desde o desabamento”, disse. Porém, Jaime, de 54 anos, que mora com a mãe, de 80, em uma casa na Américo Gasparini, reclama do fato de o trânsito na via ter aumentado tanto com os novos desvios. “Poeira o dia inteiro. Hoje (ontem), o barulho dos carros começou às 4 da manhã.