Jornal Estado de Minas

Ocupações da Granja Werneck recorrem ao STJ contra reintegração de posse

Medida cautelar deve ser entregue hoje ao Superior Tribunal de Justiça

Cristiane Silva
Representantes das ocupações Rosa Leão, Esperança e Vitória, que ficam na Granja Werneck, Região Norte de Belo Horizonte, encaminham hoje ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) uma medida cautelar para tentar impedir a reintegração de posse da área.


Membro do Coletivo Margarida Alves, que atua na assessoria jurídica das ocupações, Guilherme Pontes explica que, quando a Justiça autorizou a reintegração de posse, na primeira instância, a Defensoria Pública do estado recorreu com um agravo de instrumento para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Na época, foi negado provimento do recurso por dois votos a um.

Diante da situação, a Defensoria Pública de Minas Gerais entrou com um recurso especial na Justiça, destinado ao STJ. No entanto, ele só pode ser julgado na última fase do processo e não tem efeito suspensivo, exceto quando é demonstrado o perigo de dano irreparável e risco de violação dos direitos humanos. Pontes explica que, no caso das ocupações, a reintegração de posse pode acontecer antes que recurso da da Defensoria seja julgado, o que configuraria dano irreparável.

“A medida cautelar tem esse objetivo. Pede a concessão do efeito suspensivo ao recurso especial da Defensoria Publica contra a decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que manteve a ordem de reintegração de posse”, esclarece Pontes. Caso o STJ conceda o efeito suspensivo ao documento, o despejo não pode ocorrer até que o recurso seja julgado.

Nesta terça, advogados e representantes dos moradores estão em Brasília para participar de reuniões sobre a situação na Granja Werneck.

A reintegração de posse é determinada pela Justiça por meio de liminar.
As comunidades Rosa Leão, Esperança e Vitória estão instaladas em parte de uma área de mais de 3 milhões de metros quadrados. No caso da Ocupação Vitória, a permanência de famílias tem impedido a implantação de empreendimentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, capaz de abrigar 13,2 mil famílias de baixa renda em Belo Horizonte. O projeto pretende diminuir o déficit de 62,5 mil moradias dessa faixa na capital mineira. .