A história está escancarada para quem quiser conhecê-la. A pedra fundamental do templo imponente, em região movimentada de Belo Horizonte, em plena Avenida Alfredo Balena, na área hospitalar, mostra a data de início da construção: 1901. Hoje, 89 anos depois de terminada, a Igreja Sagrado Coração de Jesus, a segunda daquela capital recém-construída e que preserva uma parte das origens da cidade, pede socorro. Com sérios problemas estruturais e de segurança, a esperança é conseguir patrocínio do setor privado para a restauração do monumento tombado pelo patrimônio histórico em 1979.
Por dentro, paredes descascadas e um aviso pedindo aos fiéis para não pôr os pés na parede, cujo barrado é de gesso, dão ideia da situação. Por fora, pichações na fachada de tijolos aparentes. A sujeira se espalha. O mato cresce nos jardins ocupados por moradores de rua e viciados em drogas.
Muito procurada para casamentos, por causa da beleza e localização, a igreja entrou em decadência depois que o Conselho do Patrimônio da Prefeitura, em 2012, decidiu acabar com o serviço de estacionamento que era explorado no local por empresa privada. Além de renda para o templo, a atividade representava segurança, de acordo com o padre George. “A igreja não é uma empresa que põe guarda 24 horas. Com o estacionamento, havia quatro funcionários que trabalhavam das 5h às 24h e impunham respeito. Além disso, tinham a obrigação de limpar a área e cuidar do jardim.”
Segundo ele, na época a prefeitura e o Ministério Público se comprometeram a tomar conta do local e até a repassar recursos para a manutenção. “Não veio qualquer benefício. Estamos esperando e numa situação crítica”, diz. Padre George afirma ainda que a prefeitura, na época da Copa do Mundo, fez uma única poda de grama e não voltou. “Somos obrigados a conviver com o ônus deixado aqui pelas pessoas que frequentam a área externa, seja uma garrafa de água vazia ou um mamitex sujo.”
O conservador e restaurador de obras de arte Sílvio Luiz Rocha Vianna de Oliveira explica que o projeto está dividido em duas partes: restauração arquitetônica e dos elementos artísticos.
Padre George se agarra à possibilidade de patrocínio para salvar a casa de Deus, que impressiona quem a visita pela beleza e harmonia da composição. “Queremos recuperar os ambientes internos e externos, para que a igreja não seja mais um hotel nem motel público, o gramado não seja campo de futebol para estudantes e as portas não sejam ponto de encontro de namorados.”
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