Turistas e participantes dos eventos culturais de Tiradentes, como o Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, que começou nessa sexta-feira, correm o risco de se deparar com uma pedra no caminho. Depois de quase dois anos e meio, o projeto de nivelamento do calçamento, que inclui o Centro Histórico da cidade, que fica na Região do Campo das Vertentes, ainda se arrasta pelo menos até o próximo mês, quando será conhecida a empresa vencedora da licitação. Otimista, o prefeito Ralph Justino acredita que neste segundo semestre começam os trabalhos de reparação.
Não se tem uma data exata de quando se deu a constatação da necessidade de nivelamento das pedras, que desafiam o equilíbrio de visitantes e moradores de Tiradentes. Mas, em abril de 2012, depois de assinalada a possibilidade de financiamento da obras, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), surgiu o projeto. Daí, foram 10 meses de estudos antes que a proposta seguisse para análise técnica do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Aprovado o projeto pelo órgão federal, no fim de 2013, somente em maio deste ano a administração municipal assinou o convênio com o BNDES, assegurando o recurso de R$ 5 milhões para sua execução. “Demorou-se um período para análise no Iphan, pois trata-se de um projeto complexo. Depois da publicação do edital, foram mais 45 dias para que os interessados fizessem vistoria. Cinco empresas se apresentaram e, em 16 de setembro, acontece o pregão para definir os vencedores da licitação”.
De acordo com o secretário de Administração de Tiradesntes, Ivo Deluchi Filho, foram licitados dois lotes para reparos de nivelamento do calçamento: no Centro histórico e ao longo da Rua José Luiz de Paiva. Um terceiro lote, que prevê a restauração do chafariz São José, faz parte do pacote. “Não há como fugir ao procedimentos burocráticos, mesmo tendo o projeto já aprovado. Conhecidos os vencedores da licitação, vamos depender da homologação pelo órgão financiador. Então, de olho na agenda de eventos, que no segundo semestre se intensificam, vamos criar um cronograma de obras, minimizando os impactos para não interferir na rotina dos visitantes”, explicou.
ESTILO MANTIDO Eduardo Antônio da Silva, de 27 anos, recepcionista de uma pousada, reclama da demora. "O calçamento está muito ruim e deixa uma má impressão até para os turistas. Desde a gestão anterior, temos ouvido dizer que o problema será resolvido, que a prefeitura irá reformar e nivelar o calçamento. Mas até agora nada".
José Sérvulo Firmino, de 60, morador antigo da cidade, destaca os riscos de queda. "Esse calçamento é da década de 1960 e nunca recebeu manutenção. Está muito desigual e oferece riscos para pedestres, ciclistas e motoristas. Outro dia uma turista carioca caiu e machucou o rosto. Eu mesmo, que sou daqui, já esborrachei no chão várias vezes".
Para ser aprovado pelo Iphan, o projeto de calçamento teve garantir que a cidade manterá o estilo. O órgão exigiu alguns ajustes, intervenções de acessibilidade e o monitoramento de um arqueólogo, caso a retirada das pedras revele algum achado arqueológico. Com 7 mil habitantes, a cidade chega a receber entre 30 mil e 40 mil pessoas nos fins de semana e festivais e, por isso, a redução de impactos das intervenções foi outros ponto que chamou a atenção.
* A repórter viajou a convite da organização do evento