Dois monumentos que são parte da história de Minas Gerais foram tombados pelo Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Conep) do Instituto do Patrimônio Histórico de Minas Gerais (Iepha/MG) e agora recebem o título de patrimônio do estado. Na semana passada, o conselho decidiu por unanimidade preservar e promover o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico Ferroviário de Ribeirão Vermelho, na Região Sul de Minas Gerais, e o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda Santa Clara, em Santa Rita de Jacutinga, na Zona da Mata.
Ambos monumentos carregam séculos de história que precisam ser guardados, por isso o novo título garante a eles proteção, valorização e preservação. "Agora, os dois patrimônios estão protegidos culturalmente. Terão que respeitar aprovação da preservação e promoção deste imóvel”, diz a gerente de patrimônio Material, Rosana de Souza Marques. Mesmo com o tombamento, algumas peças devem ser recuperadas. "Alguns bens vão precisar de restauração, mas é um processo mais lento. Em Ribeirão Vermelho, o Instituto do Patrimônio Histórico de Artístico Nacional (Iphan) já fez um levantamento e um estudo para a restauração. Isso ainda vai passar pelo Iepha para validar o processo de restauro. A ideia é manter as características da forma que foi tombado", comentou Marques.
A ferrovia de Ribeirão Vermelho é datada de 1895, tem 85 mil metros quadrados com oficinas, galpões, estação e prédios de apoio, como restaurante e telégrafo. O conjunto ferroviário pertence ao município, pelo qual é tombado desde 2004, e foi comprado da extinta Rede Ferroviária Federal S/A. Os prédios são construídos com materiais nobres como a estrutura metálica da cobertura e dos pilares de ferro com adornos importados de Glasgow, na Escócia, além das telhas francesas, de Marselha, e ladrilhos alemães.
A ferrovia foi projetada como ponto de gerenciamento e de operações para o prolongamento da ferrovia na bitola métrica que atenderia a demanda de Goiás e Rio de Janeiro. Na fase posterior, vieram as demais construções. Na época, a cidade era ponto estratégico, favorecendo a integração do movimento no porto do Rio Grande na cidade, aos trilhos da estrada e a comercialização de produtos de todos os cantos. Com o tombamento, a ideia é preceder com projetos de restauração, principalmente da rotunda circular - em forma de coliseu - que faz parte do conjunto arquitetônico e que pode virara um centro de eventos regionais.
Santa Clara
O Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Fazenda Santa Clara, também conhecida como Mansão dos Fortes, fica às margens do Rio Preto, divisa entre os estados de Minas e Rio de Janeiro. A Fazenda Santa Clara teve a origem na segunda metade do século 18 (1750 a 1780) e fica entre o Caminho Novo e o Caminho Velho da Estrada Real. A área tombada compreende o conjunto construído pela edificação sede e demais construções destinadas às atividades produtivas da propriedade.
A análise para o tombamento pelo Iepha-MG começou há cerca de seis anos. A propriedade é considerada uma das mais imponentes de Minas – só de janelas, são 365, sendo 24 falsas, por estarem localizadas nas senzalas.
O imóvel é particular e tem cerca de 40 herdeiros. Grande produtora de café e celeiro de escravos nos séculos 18 e 19, a Santa Clara demandou, na sua edificação, centenas de escravos. (Com informações de Gustavo Werneck)