Jornal Estado de Minas

Ofensas racistas contra casal de Muriaé foram feitas por pessoas de fora de MG

O delegado Eduardo Freitas da Silva, responsável pelo caso, informou que os agressores são moradores de fora do estado com idades entre 15 e 20 anos

João Henrique do Vale
Imagem foi postada no último fim de semana e recebeu milhares de comentários - Foto: REprodução/Facebook
A Polícia Civil já começou a identificar os perfis no Facebook responsáveis pelas ofensas racistas contra uma jovem de 20 anos, em Muriaé, na Zona da Mata. A garota, negra, foi atacada com comentários preconceituosos nas redes sociais depois que postou uma foto abraçada com o namorado branco, de 18. O delegado Eduardo Freitas da Silva, responsável pelo caso, informou que os agressores são moradores de fora do estado com idades entre 15 e 20 anos. Ele não descarta pedir apoio da Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte e até da Polícia Federal (PF).

O casal ofendido prestou depoimento nessa quarta-feira na cidade. E desconhece as pessoas que fizeram os comentários preconceituosos. “Quando a foto foi postada, a garota deixou em aberto para todas as pessoas que têm Facebook ter acesso e comentar. Não estava aberto apenas para os amigos dela.
Então, várias pessoas com perfis originais e fakes fizeram os comentários”, explicou Silva.

Uma análise inicial foi feita pelos investigadores nesses perfis. Algumas pessoas foram identificadas. “Começamos identificar os perfis destas pessoas e a maioria estão localizadas no Estado de São Paulo. Aparentemente, são jovens com idade entre 15 e 20 anos”, comenta o delegado. Um dos perfis chamou a atenção da polícia. Ele foi criado por um internauta apenas para ofender a garota. “A pessoa criou uma comunidade, que certamente já foi desativada, para proferir ofensas para a menina. Até mesmo a foto era da imagem postada pelo casal”, completou.

Os policiais buscam, agora, encontrar todas as pessoas envolvidas nas ofensas. Para isso, o delegado enviou um pedido ao Facebook para pegar informações do cadastro de casa perfil identificado. “Em seguida, vamos tentar ouvi-las. Como são a maioria de São Paulo, vou ter que enviar cartas precatórias para a polícia de lá.
Não descarto pedir o apoio da delegacia de crimes cibernéticos e nem da Polícia Federal, pois o crime transcende o estado de Minas Gerais”, disse Silva.

O crime aconteceu no último fim de semana. Logo depois da jovem postar a imagem nas redes sociais, começou a receber ofensas. Uma das mensagens questiona onde o adolescente teria “comprado a escrava”. Outra pergunta se ele é o dono da jovem. Há ainda um homem que diz parecer que os dois estão na senzala. A foto foi publicada em outro perfil, “Pretinho do poder”, no qual várias pessoas criticaram a discriminação.

Ao Estado de Minas, o casal mostrou que as ofensas não vão atrapalhar em nada o relacionamento. A jovem contou que foi a primeira vez que foi vítima de racismo, mas que não vai se abater por causa disso.

As pessoas identificadas podem responder por injúria racial.
A pena é de uma a três anos de prisão..