Uma operação delicada, que vai mexer com a vida de moradores e comerciantes de 370 imóveis das regiões Pampulha e Venda Nova. Por segurança, quem vive ou trabalha em um raio de 200 metros no entorno do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Avenida Pedro I, deverá deixar esses locais para implosão da base da estrutura. Marcada inicialmente para o dia 14, a destruição do pilar 5 da alça norte, deve provocar a queda do corpo do viaduto, o chamado tabuleiro, que permaneceu de pé. A estrutura a ser destruída é equivalente ao pilar 3 da alça sul, que afundou, provocando a queda da estrutura, em 3 de julho. A desocupação dos imóveis no círculo sujeito a efeitos do impacto deve ocorrer aproximadamente uma hora antes da implosão, segundo o coordenador municipal de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas. Todos poderão voltar cerca de meia hora depois do processo, quando a poeira já tiver sido dispersada.
Quando estiver no chão, o restante da estrutura do viaduto será destruído com as mesmas tecnologias usadas na alça sul. Segundo o coronel, serão empregados rompedores hidráulicos para triturar o concreto. Em outras partes a estrutura será cortada em blocos de um metro de largura, aproximadamente, com o uso de serra com a fita diamantada. A estimativa é de que todos os escombros sejam retirados em até cinco dias após a implosão. “O dia 14 é uma data de referência para planejamento dos órgãos envolvidos na operação, como Polícia Militar e BHTrans, que precisam de efetivos e equipes disponíveis”, afirma o representante da Defesa Civil. Ele, no entanto, faz ressalvas sobre a data e diz que o cronograma pode mudar em função do resultado da audiência de conciliação marcada para apresentação do plano técnico de demolição.
O encontro, na terça-feira, no Fórum Lafayette, vai reunir comerciantes e moradores vizinhos ao viaduto, representantes da Prefeitura de Belo Horizonte, do Ministério Público estadual e das empresas Consol e Cowan, responsáveis pelo projeto e pela obra, respectivamente. Todo o processo de destruição do viaduto e limpeza da pista será feito por uma empresa contratada pela Cowan. Para o coronel, a técnica escolhida, de implosão do pilar, é avançada e segura. “Tivemos a oportunidade de acompanhar a aplicação dessa tecnologia em uma obra na cidade do Rio de Janeiro e vimos que ela preserva a integridade dos imóveis vizinhos, tem um grau de segurança alto e baixo impacto. O processo é rápido e seguro”, afirma.
Cadastro
No sábado, funcionários da prefeitura dão início, às 9h, ao cadastramento das pessoas que deverão sair de suas casas ou do trabalho durante o processo de implosão. Na região, folhetos com orientações sobre o cadastro começaram a ser distribuídos na quarta-feira pela Defesa Civil municipal. Mas muitos vizinhos ainda reclamam de não ter recebido nenhum tipo de informação. Morador do bloco 7 do Residencial Antares, localizado ao lado da alça que caiu, Sérgio Costa, de 49 anos, ainda não sabe como será o processo. “Só fiquei sabendo pela imprensa. Ninguém bateu na minha porta para me falar nada, se tenho que sair ou não”, diz. O vizinho de prédio Paulo Henrique Mello, de 34, tem a mesma queixa. “Sabemos porque o prefeito disse, na televisão, que seria dia 14. Mas como será de fato, quem precisa sair da área, quais serão os impactos e quanto tempo todo o processo de remoção da alça vai levar são questões para as quais nós, moradores, ainda não temos respostas”, diz.
Enquanto a história não se resolve, o trânsito nas vias de entorno da Avenida Pedro I continua sendo um dos maiores problemas para quem passa ou vive na região. “Os congestionamentos são frequentes e a travessia de pedestres é perigosa. As pessoas precisam se arriscar entre os carros”, diz Paulo. Segundo ele, mudanças de circulação feitas na Avenida Doutor Álvaro Camargos, onde um trecho foi transformado em mão única0, obrigaram moradores do residencial a percorrer muitos quarteirões para conseguir sair ou entrar em casa.
Estrutura condenada
Os passos para a demolição da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes
» Empresa especializada, contratada pela Cowan, vai realizar a implosão da base do viaduto. Os explosivos serão colocados no pilar 5 da estrutura, que equivale ao pilar 3 da alça que caiu.
» Antes da detonação, as estacas que sustentam o viaduto serão retiradas. Com a implosão a parte de cima da estrutura, chamada de tabuleiro, deve ir ao chão.
» Todo o corpo da alça será demolido com uso do rompedores hidráulicos e serra diamantada. No caso da primeira ferramenta, o concreto é destruído, enquanto com a outra a estrutura é cortada em blocos de aproximadamente 1 metro. Todo o escombro deve ser retirado em até cinco dias.
» Para segurança da população, moradores e comerciantes de aproximadamente 370 imóveis –localizados em um raio de 200 metros – deverão sair de casa ou do trabalho cerca de 45 minutos antes da implosão. Eles poderão voltar 20 minutos depois do processo.