Jornal Estado de Minas

"Peg-pag solidário" testa honestidade das pessoas em Poços de Caldas, no Sul de Minas

Uma ideia diferente para arrecadar recursos a um projeto social em Poços de Caldas, no Sul de Minas, está rendendo visibilidade para a cidade. A Casa do Caminho, que atende a crianças e adolescente carentes no município há 30 anos, criou um modelo de "peg-pag solidário" para a venda de biscoitos produzidos na própria instituição. O sistema testa a honestidade das pessoas porque o produto fica disponível, sem vigilância, e quem resolve comprar deve depositar R$ 2 no cofre – quem também fica à vista de todos.



A intenção com peg-pag é angariar recursos para a creche e outros programas socioeducativos que hoje alcançam 300 beneficiados. Há dois meses, após uma reunião com a diretoria, a Casa do Caminho resolveu adotar o peg-pag. De acordo com o membro do conselho administrativo, Claudiney Marques, a ideia enfrentou resistência, mas está dando certo.

Com um investimento de cerca de R$ 1,5 mil, Marques comprou os painéis para venda dos biscoitos e adesivou as bancadas. O primeiro ponto de venda foi inserido na porta de um shopping center de Poços de Caldas e teve ótimos resultados. Atualmente, já existem outros nove postos de comercialização.

“As pessoas passam, olham as informações sobre a instituição, conhecem fotos e o site. Elas veem aquele apelo de que se adquirir o biscoito vai colaborar com as obras sociais da Casa do Caminho. Por isso, o projeto vem dando certo”, afirma Marques. Segundo ele, não foi um resultado somente financeiro – com arrecadação de mais de R$ 10 mil – mas também uma visibilidade ao trabalho feito na instituição, que ficava “escondida” na região da Companhia de Habitação do Estado de Minas Gerais (Cohab) em Poços de Caldas. Para ele, o destaque de colaboração fica com as crianças, que estão dando um show de solidariedade.



Um responsável pela Casa do Caminho passa duas vezes por semana recolhendo o dinheiro dos pontos de venda. Os empresários e donos de lojas onde estão instalados os painéis não têm qualquer responsabilidade sobre os produtos e valores. Os biscoitos vendidos são produzidos na panificadora da obra social, onde também são oferecidos cursos de confeitaria. Segundo Marques, o destaque dadoàs guloseimas atraiu interessados de toda Minas Gerais, porque o público está gostando muito dos sabores.

Além disso, a campanha reverte a impressão que se tem de desonestidade da população. “Infelizmente isso parece algo de outro mundo aqui no Brasil. Em países nórdicos da Europa é muito comum isso (peg-pag). Aqui parece que é algo totalmente insuperável. Com o resultado da campanha eu concluí que brasileiro é sim um cidadão honesto e sério. Quando deposita ali os dois reais é como se dissesse: quero um país melhor”, afirma o Marques.

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