A 31ª Delegacia de Polícia de Muriaé, na Zona da Mata mineira, identificou até agora cerca de 50 pessoas que fizeram comentários racistas no Facebook sobre uma foto publicada na rede social pela jovem negra Maria das Dores Martins, de 20 anos, junto ao namorado branco, Leandro, de 18. As investigações em andamento apontam que quase todos os agressores atuaram de forma organizada e praticaram outros ataques de mesmo teor, aponta o delegado responsável pelo caso, Eduardo Freitas da Silva. Ele planeja pedir apoio à Polícia Civil de São Paulo, onde, segundo Silva, reside a maior parte dos suspeitos.
“Inicialmente, achamos que eram poucos agressores, mas, como são muitos, vai ser difícil identificar todos”, diz o delegado. A grande maioria dos suspeitos mantém contato entre si e publicou as mensagens de forma combinada, afirma. “Parece que essas pessoas têm conluio entre elas para fazerem esse tipo de ação delituosa. Escolhem, aleatoriamente, alvos com que não têm qualquer tipo de relação para atacar com palavras racistas. Elas têm um histórico de ações semelhantes”, acrescenta. Silva relata que alguns dos agressores excluíram a conta do Facebook que usaram para publicar os comentários e abriram um nova, para tentar despistar a polícia.
O inquérito, por enquanto, está buscando levantar informações sobre os suspeitos identificados pela polícia como líderes dessa ação coordenada. “Estamos dando destaque àqueles que incentivam esse tipo de ação. Não posso dar muitos detalhes, eles podem tentar se camuflar”, ressalta o delegado. Entre os suspeitos identificados pela polícia, “apenas dois ou três” moram em Minas, nas palavras de Silva. Mais especificamente, no Sul do estado e no Triângulo Mineiro. Nenhum deles reside em Muriaé, onde moram os dois namorados. O casal foi ouvido pela polícia na quinta-feira. “Eles não conhecem os agressores. Ficaram muito surpresos com o que houve”, afirma. O delegado acredita que as investigações devem ser concluídas em dois ou três meses.
PENAS A polícia busca os IPs (números de registros) dos computadores por meio dos quais foram publicados os comentários racistas. O delegado Eduardo Freitas da Silva considera a possibilidade de pedir auxílio à Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos de Belo Horizonte. Segundo ele, os agressores poderão responder por injúria racista, crime tipificado no artigo 140 do Código Penal, com pena de um a três anos de prisão e multa.
Segundo os namorados relataram ao Estado de Minas, foi Leandro quem viu as ofensas pela primeira vez no Facebook, na tarde de 17 de agosto. Uma das mensagens questiona onde Leandro “comprou essa escrava”.
MAIS OFENSAS
(Com Luana Cruz).