Erro na execução do projeto na parte superior da alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes e falta de fiscalização da obra. Essas são as explicações que a direção da Consol Engenheiros Consultores, que projetou o elevado, apresentou ontem, a um dia do envio do laudo oficial do Instituto de Criminalística (IC) ao delegado que apura o caso. O engenheiro Maurício Lana, presidente da empresa, contesta até mesmo a necessidade de demolição da alça norte, que ficou de pé. “Desconheço qualquer documento técnico nesse sentido, mas apenas uma recomendação verbal. Se a superestrutura tivesse sido executada conforme o projeto, eu diria que conserte o bloco e mantenha a alça de pé”.
De acordo com o engenheiro, as aberturas indevidas, entre outras falhas, enfraqueceram a estrutura do tabuleiro, causou uma ruptura na seção S16-A, entre os pilares 3 e 4, e o excesso de carga sobre a base de sustentação. Já o estudo da Cowan, sugere que o afundamento do pilar 3 ocorreu devido a erros no dimensionamento do bloco e à falta de aço.
Sudecap e Cowan foram procuradas, mas informaram que só se manifestam depois de concluídas as apurações oficiais.
Acertos para implosão
Foi autorizada ontem pela Justiça a implosão da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes, no Planalto, na Região Norte de BH e a liberação da Avenida Pedro I. Ela está marcada para o dia 14 e até o di 21 a via será reaberta ao tráfego. Os trabalhos de preparação começam hoje, exatamente dois meses depois da queda de parte do elevado. Na audiência de conciliação entre a Prefeitura de BH, o Ministério Público e os moradores, o juiz Renato Luís Dresch determinou uma série de condições a serem cumpridas pela administração municipal, sob pena de suspender a demolição.
A implosão será às 9h, sendo que todos os imóveis num raio de 200 metros deverão ser desocupados uma hora antes. Levantamento preliminar feito pela Defesa Civil aponta que pelo menos 379 imóveis serão afetados. Depois da implosão (veja arte), que levará alguns segundos, haverá início da remoção do entulho. O juiz determinou que sejam recolhidos também o resto da alça sul, demolida quatro dias depois da tragédia. Tudo deve ser concluído em uma semana.
Um dia antes de fazer vir abaixo o que sobrou do viaduto, moradores de prédios localizados num raio de 50 metros do elevado têm a opção de ir para hotéis indicados pela PBH e a Cowan. Eles poderão ficar hospedados até a remoção do entulho. A Defesa Civil deverá manter no local engenheiro para vistorias, assistente social e psicólogo, viaturas e vans que funcionarão como escritório, bem como uma barraca de 36 metros quadrados para apoiar a população do entorno e prestar esclarecimentos.
O magistrado exigiu ainda que, antes da derrubada da alça, sejam feitas vistorias externas das estruturas de todos os imóveis situados no raio de risco. Antes de autorizar o retorno dos moradores, a Defesa Civil também deverá vistoriar as estruturas externas e comuns dos prédios e entregar cópia dos relatórios aos moradores. O coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, informou que cada morador poderá entrar e verificar se houve dano, comunicando imediatamente os vistoriadores em caso de problema. “Não será apenas visual. Serão instalados equipamentos para verificar se houve abalo de estrutura”, disse. Ele garantiu que o retorno às casas ocorrerá no mesmo dia.
A Defesa Civil tem uma semana para apresentar o plano de remoção dos moradores no qual deverá constar, entre outros itens, prazos, o impacto nos prédios e da retirada do entulho.
No acordo consta ainda que, se por razão de segurança o viaduto não puder ser implodido dia 14, a ação será adiada para o domingo seguinte. Se quaisquer condições forem descumpridas, ficará suspenso o trabalho de implosão e remoção. “Embora não esteja previsto no acordo, o juiz pode dar uma penalidade a qualquer momento se não forem cumpridos quaisquer requisitos”, disse Renato Dresch.