O processo para a retirada das capivaras que habitam a orla da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, vai começar nos próximos dias. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu, nesta quarta-feira, a licença para que a empresa Equalis Ambiental, contratada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), comece o manejo dos animais, que podem estar servindo de reservatório para o carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. À princípio, os roedores serão levados para o parque ecológico onde passarão por exames.
A captura dos animais está acondicionada pela construção de piquetes onde esses animais ficarão para a realização de exames que vão investigar a saúde deles. Porém, o processo de ceva já pode começar. Nesta quarta-feira está prevista a chegada de toneladas de canas de açúcar no parque ecológico. O alimento será usado para atrair os roedores. “Vamos colocar o alimento em alguns lugares específicos. Neste primeiro momento, o foco será o parque e no Museu de Arte da Pampulha”, explica Pablo Pezoa, coordenador do projeto da Equalis Ambiental e veterinário responsável pela captura.
O projeto foi enviado para a avaliação do Ibama em julho deste ano, mas técnicos apontaram alguns ajustes que deveriam ser feitos nos procedimentos de manejo das capivaras. O órgão queria um detalhamento sobre algumas operações, que não foram expostas no plano de manejo dos animais. As alterações foram atendidas e a licença foi concedida. “A autorização é válida até 2015”, comenta Pezoa.
A licença autorizou a captura dos animais de forma ativa e passiva. Na forma passiva, primeiro é feito a ceva do local e em seguida é construído bretes, que são um tipo de cercado. Já na forma ativa, são usados dardos com anestésicos. “Serão feitos em forma bem específicas, determinadas pelo veterinário com experiência em captura de capivara”, diz o coordenador.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente, Délio Malheiros, afirma que a captura dos animais é importante para garantir a segurança no trânsito e ao patrimônio histórico cultural. “Agora, com a autorização por parte do IBAMA, iniciaremos os trabalhos de captura e recolhimento das capivaras e dos carrapatos para exames. Seguiremos o protocolo definido, por técnicos e especialistas, para a avaliação das capivaras que por ventura estejam doentes, e para destinação a um local mais apropriado ao seu habitat natural”, garante.
A necessidade de controle dos animais ganhou força principalmente por causa do alerta da febre maculosa, já que alguns roedores podem estar servindo de reservatórios da bactéria causadora da doença, que é transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. O estudo da Equalis Ambiental começou a ser feito em maio deste ano. Com base em observações dos biólogos, a empresa chegou à conclusão de que a população dos roedores é de cerca de 100 animais, sendo que à época foram observados nove grupos distintos – quatro no Parque Ecológico Promotor Francisco José Lins do Rego e o restante espalhado pela lagoa.