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Estado de Minas

Motorista de BRT teve crise convulsiva antes de arrastar 13 veículos na Alfredo Balena

Ramon Apolinário de Lima, de 29 anos teve diagnosticada calcificação no tecido cerebral, apontada como causa do mal súbito


postado em 04/09/2014 06:00 / atualizado em 04/09/2014 07:06

Articulado de 18 metros de comprimento provocou batidas em sequência na região hospitalar, causando pânico e deixando 18 pessoas feridas(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.a Press )
Articulado de 18 metros de comprimento provocou batidas em sequência na região hospitalar, causando pânico e deixando 18 pessoas feridas (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.a Press )

O apagão sofrido pelo motorista do ônibus do BRT/Move que se envolveu em acidente com outros 13 veículos na manhã de terça-feira, na Avenida Alfredo Balena, região hospitalar de Belo Horizonte, foi causado por uma convulsão. O problema que resultou no mal súbito é mais grave do que imaginava o próprio condutor, Ramon Apolinário de Lima, de 29 anos. Ele informou ontem que, segundo médicos do Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, foi detectada uma calcificação que ocorre a partir da formação de material ósseo dentro do cérebro, onde o tecido não deveria existir. O motorista sofreu o mal-estar quando dirigia o ônibus articulado da linha 88 (Savassi via hospitais), que tem 18 metros de comprimento e pesa 28 toneladas. Ramon perdeu a consciência por alguns minutos e não se lembra de nada do que aconteceu.

O motorista recebeu alta médica às 22h30 de terça-feira e foi para a casa da mãe, em Nova Lima, na Região Metropolitana de BH. Ele vive sozinho no Bairro João Pinheiro, Região Noroeste da capital, e teve medo de ficar em casa sem companhia. “Não consegui dormir. Primeiro, pelo susto do acidente. Agora, por medo da doença”, lamentou. Uma tomografia detectou a calcificação, segundo ele.

Ramon Apolinário foi orientado a procurar um neurologista para fazer exames mais específicos e começar o tratamento. Também foi aconselhado a não dirigir por enquanto e obteve licença médica de cinco dias, por atestado de um ortopedista, pois ainda sente dores na coluna por causa do acidente. Ontem ele procurou a empresa Bettânia, onde trabalha, e comunicou o afastamento. O motorista tem plano de saúde pago pela firma, mas reclama de dificuldade para marcar consulta com um especialista.

O motorista informou que sente dor de cabeça desde 3h50 de terça-feira, quando saiu para trabalhar antes do acidente, ocorrido às 7h20. “É muito forte, não passa de jeito nenhum”, comentou. Antes de sair para o trabalho, na terça, ele contou ter tomado um analgésico e relaxante muscular, o que não teria relação com a convulsão. “Sempre tenho essa dor de cabeça e tomo esse remédio. Nunca aconteceu nada antes”, disse.

Paralisia

Ramon contou que perdeu a consciência quando subia a Avenida Francisco Sales e andou por 110 metros agarrado ao volante, paralisado, sem se lembrar de nada. Ao passar mal, ele mudou o itinerário do ônibus, que deveria seguir pela Francisco Sales e entrar na Avenida Brasil. “Senti um mal-estar ao virar o ônibus para a direita na Avenida Francisco Sales. Não me lembro de nada. Senti muito sono e acho que dormi ao volante. O cobrador disse ter me chamado várias vezes, mas não escutei. Acordei e já tinha batido nos carros. Não vi nada”, relatou o motorista. Ele foi submetido ao teste do bafômetro, que constatou que não havia ingerido bebida alcoólica. “Eu não bebo. Não foi imprudência minha. Amo a minha profissão. Amo o que eu faço”, disse Ramon.

No ônibus viajavam 70 passageiros e houve pânico quando o coletivo atingiu os carros, deslocando-se por 70 metros enquanto arremessava veículos para as laterais da pista, sem que o motorista parasse.

O articulado invadiu o passeio, chegou a arrastar um EcoSport e uma van e assustou quem passava pela região. Dezoito pessoas tiveram ferimentos leves no acidente, entre motorista e passageiros do ônibus e ocupantes dos carros. Elas foram atendidas no Pronto-Socorro João XXIII e no Hospital das Clínicas. Ontem, uma das vítimas permanecia internada no HPS, sem previsão de alta. As demais foram liberadas.

 

 


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