Myriam está presa na Penitenciária Estevão Pinto, no Bairro Horto, Região Leste de Belo Horizonte, e cumpre a pena em regime semiaberto. Conforme a decisão, Myriam conseguiu autorização para trabalhar em junho deste ano, apresentando a proposta de uma escola infantil da Região da Pampulha, na capital.
No entanto, a defesa apresentou uma petição explicando que a médica foi dispensada do trabalho logo no primeiro dia e começou a procurar emprego em outros lugares. Ela acabou sendo contratada pela Prefeitura de Ibirité para atuar no Programa de Saúde da Família. Diante da situação, a defesa pediu que a autorização para trabalho externo fosse alterada para permitir a saída dela.
O juiz Marcelo Augusto Lucas Pereira afirma que a médica não demonstrou comprometimento com o benefício de trabalho externo. Em sua decisão, publicada no dia 5 de setembro, o magistrado ressalta que ela vinha desvirtuando o procedimento “(...) ao que tudo indica, tentou ludibriar o juíz, uma vez que, ao ser dispensada pelo empregador, já no primeiro dia de labor, não comunicou a este juiz, nem mesmo à autoridade custodiante a respeito da situação.
O magistrado esclarece que Myriam produziu provas contra si mesma. “Curioso é que na comunicação interna feita pelo atual empregador, trazido pela própria apenada, atesta-se que ela não está cumprindo corretamente o seu horário de trabalho, gerando transtornos no atendimento dos pacientes”. Considerando as irregularidades apresentadas, o juiz ordenou a suspensão do benefício de saída para o trabalho externo e outras autorizações de saída concedidas a ela.
O advogado Giovanni Caruso Toledo afirmou que houve um erro de interpretação por parte do magistrado. “Foi eu quem levou o documento sobre o horário de trabalho. O transtorno que citei foi sobre o tempo de deslocamento que ela leva para chegar até o posto. Ela sai às 7h da cadeia e chega no posto às 8h30, sendo que o horário de entrada é 8h. O transtorno seria o tempo sem atendimento que os pacientes ficam. E não o atendimento de minha cliente”, explicou o defensor. O documento foi anexado no processo para pedir a mudança do horário da saída da réu da cadeia.
O advogado informou que entregou um documento no TJMG dando ciência a decisão do juiz. Pediu que o processo seja entregue ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) com urgência para depois ser marcada um julgamento de justificação.
Entenda o caso
O crime aconteceu em 2002, quando Wendel José de Souza terminou o relacionamento com Myrian três dias antes do casamento. Conforme a investigação da Polícia Civil, revoltada com a situação, ela e o pai dela procuraram dois homens e acertaram com eles a mutilação de Wendel.
A vítima foi rendida pelos criminosos quando estava na companhia do irmão, que desmaiou ao presenciar a cena de violência. Os homens usaram uma faca para cortar o pênis do rapaz e disseram que estavam cometendo o ato a mando da mulher. Além disso, Wendel teve o carro e a casa incendiados após o fim do noivado.
Ainda segundo a polícia, após o fato, Myriam mudou-se para Barbacena, onde atuou como médica e morou até 2013. No fim do ano passado, partiu para o interior de São Paulo, estado onde foi presa.
Entrevista
Na semana passada, foi ao ar uma entrevista exclusiva concedida pela médica à TV Alterosa em frente à Penitenciária Estevão Pinto. Myriam disse à reportagem que o pai e um outro homem, cujo nome ela não quis citar, foram os responsáveis pelo crime. Assista: