Falta de informações, angústia e muita ansiedade. A família do operador de restroescavadeira Adilson Aparecido Batista, de 44 anos, desaparecido na quarta-feira no rompimento da barragem de rejeitos da Herculano Mineração, em Itabirito, na Região Central, passou quase o dia inteiro sem receber um comunicado da empresa sobre a situação. Somente às 16h35 uma funcionária do setor de Recursos Humanos entrou em contato, por telefone, com uma irmã da vítima, Patrícia Aparecida Batista, para dizer que ainda não havia notícias sobre o paradeiro dele.
Veja mais imagens do deslizamento
Muitos parentes se lembraram das preocupações de Adilson quanto às condições de segurança na mina. E também do jeito calmo e tranquilo do operador desaparecido. “É um cara que fica mais em casa, homem de bom caráter”, disse o primo Jorge José Carneiro Filho, de 40, que se casou no sábado. “Ele foi ao meu casamento, fiquei muito feliz com a presença”, observou Jorge, explicando que o parente trabalha há seis anos na empresa. Ao lado, o irmão do operário desaparecido, Valtenil Geraldo Batista, de 41, motorista, contou que soube do acidente logo cedo, pela internet. “O único dado é que acharam as botas dele”, afirmou ele que, de manhã, esteve no Instituto Médico Legal de Itabirito, tão logo soube que estava no local uma vítima sem identificação.
Vizinhança já sente impactos
Paralelamente ao desespero de parentes de vítimas, reflexos ambientais e práticos do acidente já começaram a ser sentidos ontem mesmo. Moradores do Residencial Villabella, vizinho à mineradora, estão preocupados com o abastecimento de água.
A diretora de Obras do condomínio, a designer de interiores Maria Bernadete Costa Aquino, teme pelo futuro abastecimento de água do Villabella. “As nossas relações com a Herculano são pacíficas, mas a empresa deixa muito a desejar em relação à recomposição ambiental, que, na verdade, é obrigação de todos esses empreendimentos”, disse. Ela adiantou que o condomínio vai contratar um advogado e acionar o Ministério Público para evitar impactos nos recursos hídricos.
De acordo com o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias (Ibape-MG), Clémenceau Chiabi Saliba Júnior, os danos ambientais já perceptíveis depois do rompimento da barragem são graves. “O material carreado com o vazamento é um minério muito fino e de difícil remoção dos córregos e corpos d’água que foram atingidos. Com isso, ocorrem o assoreamento desses cursos e prejuízos para a fauna e a flora”, disse. (Com Mateus Parreiras)
(Com informações de Luana Cruz).