Uma operação da Polícia Civil montada na quarta-feira para a captura de envolvidos com o tráfico de drogas e de assassinatos no Aglomerado Vila Horta, no Barreiro, em Belo Horizonte, denominada Colheita Maldita, acabou fazendo jus ao nome do filme de terror, por conta do desfecho macabro. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão, investigadores descobriram que um suspeito procurado vinha guardando na geladeira de sua residência a cabeça de um homem que ele e os comparsas mataram há três meses. Mas, segundo a polícia, a parte do corpo da vítima foi enterrada há dois dias, devido ao cheiro ruim que se espalhou pelo imóvel do criminoso.
De acordo com a polícia, além de confessar o assassinato, Lázaro dos Santos Serra, de 19 anos, o Baiano, afirmou que ficaria com o crânio da vítima como troféu. Além de Baiano, os policiais também prenderam Mateus Caetano da Silva, de 19, e Jonatan de Oliveira Silva, 20, conhecido como Jô. Um adolescente de 16 anos membro do grupo criminoso e que teria participado diretamente de execuções foi apreendido. Na casa do Jonatan, foram encontradas munições de pistolas semiautomáticas – calibres 9 mm, 32 e 357 – e pedras de crack. Nenhuma arma foi apreendida.
O delegado Antônio Harley de Alencar, da Delegacia de Homicídios Barreiro, responsável pela operação, contou que o pedido de prisão temporária dos suspeitos foi pelo assassinato de Samuel Andrade Félix, de 22 anos, ocorrido em 17 de maio. “Samuel tinha uma rixa antiga com o grupo. Em 2009 ele teria matado o irmão do Mateus e, pouco antes de ser morto, tentou assassinar Vitor Wanderley Gomes, que é membro do grupo dos suspeito presos”, disse o delegado.
Vitor Gomes tomou vários tiros na ocasião e um deles, disparado em um de seus olhos, o fez perder a visão. “O grupo jurou vingança e planejou a morte do Samuel. Eles os surpreenderam próximo à via férrea do Barreiro e o mataram com vários tiros, todos na cabeça. Uma semana depois do crime, o grupo foi até a casa onde a vítima morava com o padrasto, a mãe e um irmão e abriram fogo contra o imóvel, expulsando os moradores”, disse o delegado.
Segundo Antônio Harley, durante as investigações sobre o assassinato de Samuel, eles receberam denúncias de que os autores do crime haviam feito mais uma vítima e que um deles vinha guardando a cabeça da pessoa em casa, dentro da geladeira. Ontem, quando Lázaro foi preso pela Polícia Civil, acabou contando que dois dias antes resolveu enterrar a cabeça, devido ao cheiro ruim que tomou conta de sua moradia.
EXIBIÇÃO
“O Baiano, às vezes, exibia a cabeça pela comunidade. Essa atitude era para aterrorizar os moradores. Vamos pedir uma análise desse rapaz. Possivelmente ele sofre de algum desvio de conduta, principalmente pela forma fria com que lida com as execuções. E esse era o papel dele na quadrilha. Ele era o guerreiro, era quem eliminava as vítimas”, contou o delegado.
A vítima da decapitação, de acordo com o policial, foi reconhecida apenas por fotos e falta ainda o procedimento formal com análise de DNA. No dia 4 de junho, os suspeitos mataram o homem, arrancaram a cabeça e os braços dele com um machado, depois tentaram queimar e enterraram o corpo e os membros em uma vala próximo a via férrea. O corpo sem a cabeça foi encontrado uma semana depois do crime brutal. Baiano alegou ter cometido o crime porque a vítima teria tentado estuprar duas meninas da vila. “Agora ele está na terra dos pés juntos. Teve o que mereceu”, disse o jovem.
Mateus e Jonatas negaram envolvimento nos dois homicídios. O primeiro ainda afirmou ter sido preso injustamente e alegou ser trabalhador. O trio foi levado para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira.