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Estado de Minas

Vizinhos da alça norte de viaduto começam a deixar imóveis para a demolição no domingo

Moradores esperam que operação seja bem-sucedida e que outro elevado não seja erguido


postado em 13/09/2014 06:00 / atualizado em 13/09/2014 09:25

Pilar 2 da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes recebeu 70 quilos de explosivos: implosão deve durar apenas três segundos(foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)
Pilar 2 da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes recebeu 70 quilos de explosivos: implosão deve durar apenas três segundos (foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press)

“Se der tudo certo, será um alívio.” É com essa expectativa que o aposentado Guilherme Otávio Diniz, de 54 anos, morador do bloco 5 do residencial Antares, deixa seu apartamento para uma temporada no hotel Soft Inn, hoje, véspera da implosão da alça norte do Viaduto Batalha dos Guararapes, na Região de Venda Nova. Ao todo, 296 pessoas sairão de seus imóveis nos residenciais Antares e Savana, que ficam próximos ao elevado, e ficarão no hotel até a conclusão da retirada dos escombros, prevista para o dia 21.

O drama dos vizinhos do viaduto teve início em 3 de julho. Uma falha estrutural, de acordo com levantamentos da Polícia Civil, provocou a queda da alça sul do elevado, em construção, matando duas pessoas e deixando 23 feridas. A estrutura de concreto esmagou um carro, dois caminhões e atingiu um micro-ônibus. Ontem, alguns moradores espalharam faixas de protestos nas janelas de seus apartamentos contra a construção de um novo viaduto no local.

“Há um clima de comoção entre os moradores. Imagino que amanhã(hoje) vai ser difícil para muitos deixarem seus imóveis. Há um sentimento de que se algo não der certo, vão ficar sem seus apartamentos. E mesmo tudo dando certo com a implosão e a limpeza, será apenas uma etapa de um problema maior que vem se arrastando desde que iniciaram a construção do viaduto”, afirmou a advogada Ana Cristina Drumond, da Associação dos Moradores e Lojistas das avenidas Pedro I, Vilarinho e adjacências.

Guilherme Diniz diz que amanhã vai acompanhar de perto a implosão. “Alívio mesmo será quando eu entrar no meu apartamento, logo que liberarem o acesso, e constatar que não houve danos na estrutura. No projeto de implosão que nos foi apresentado parece que está tudo certo. Mas é na prática que teremos um veredicto”.

De acordo com o cronograma da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), 32 famílias do edifício Savana e 85 do Antares seguirão em dois ônibus para o hotel, em quatro viagens entre às 8h30 e 16h. Os dois residenciais estão no perímetro de 50 metros da estrutura que será implodida e sujeitos a vibrações. Também há risco de que estilhaços de concreto e aço atinjam os imóveis. Outras 16 famílias do Savana e 32 do Antares dispensaram a hospedagem. Vinte e quatro animais dos dois prédios, entre cães, gatos e pássaros, serão acomodados em um pet shop.

Marcada para as 9h de amanhã, a implosão dos pilares da alça norte deve durar três segundos. Uma grande operação foi montada pela Comdec para isolamento da área e retirada de moradores vizinhos, não apenas dos edifícios Antares e Savana, mas num raio de 200 metros da área de implosão. Assim que a estrutura estiver no chão, a Cowan, construtora responsável pela obra, inicia a remoção do concreto e também a limpeza da via. A expectativa é de que o trânsito na Avenida Pedro I seja normalizado em uma semana.

Sirenes Amanhã, sirenes vão tocar em alerta antes da implosão. Às 8h, o primeiro sinal para evacuação da área. Quinze minutos depois começa o bloqueio de vias no entorno. Às 8h50, ocorre inspeção final do espaço isolado. Faltando um minuto para 9h, começa a contagem regressiva para a implosão. A previsão é de que a área esteja liberada em 30 minutos. Técnicos da Defesa Civil e assistentes sociais vão orientar os moradores e vistoriar os imóveis vizinhos. A BHTrans vai montar desvios do trânsito e pontos de ônibus específicos durante a operação.

Cerca de 150 pessoas estarão envolvidas no procedimento. Serão usados 125 quilos de explosivos, distribuídos nos pilares (veja arte). Além de telas de proteção, uma vala com cerca de um metro e meio em torno dos pontos de implosão deve minimizar os impactos.


LINHA DO TEMPO


O vaivém na Pedro I

3 de julho
A alça sul do Viaduto Batalha dos Guararapes desaba sobre quatro veículos na Avenida Pedro I sobre, matando duas pessoas e ferindo 23. A alça norte permanece de pé.

6 de julho
Depois de delegado recorrer à Justiça para evitar demolição, para preservar provas, o Tribunal de Justiça de Minas autoriza a prefeitura a dar início aos trabalhos de demolição parcial. A PBH evita fazer previsão para liberar passagem de veículos e circulação de pessoas na Avenida Pedro I.

7 de julho
Alça do viaduto que desabou começa a ser removida. A previsão do coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas, era de que o trânsito deveria voltar à normalidade na Pedro I ainda naquela semana.

12 de julho
Empresa especializada em demolição, contratada pela Cowan, inicia teste com equipamento que corta o concreto em blocos sem causar grandes impactos à vizinhança. Apartamentos do entorno são vistoriados e o plano de liberar o trânsito é revisto. Defesa Civil afirma que empresa contratada para fazer o escoramento da estrutura que restou apresentou projeto com trazer mais segurança.

22 de Julho

Engenheiros e calculistas contratados pela Cowan para fazer estudos sobre a queda do elevado anunciam que houve erro no projeto executivo entregue pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), de responsabilidade da Consol. Dizem que um dos pilares da estrutura foi construído com um décimo da ferragem necessária e que a alça que permanece de pé corre risco de desabar e não caiu “por milagre”.

23 de julho
Defesa Civil anuncia a remoção de famílias que moram no residencial vizinho ao viaduto Batalha dos Guararapes.

11 de agosto
Justiça veta demolição de alça norte de viaduto. Decisão ainda determina que a população deve ser informada das providências que serão tomadas, para que os moradores e usuários afetados possam programar a sua vida e que a segurança de todos fossem resguardadas. A determinação da 4ª Vara da Fazenda Municipal de Belo Horizonte atende a pedido de liminar do Ministério Público.

2 de setembro
Depois de audiência de conciliação no 1º Tribunal do Júri do Fórum Lafayette, o juiz Renato Dresch autoriza a demolição e marca a data para 14 de setembro.

5 de setembro
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE/MG) embarga a demolição marcada para o próximo domingo, por entender que há risco iminente de acidente de trabalho. Novo projeto de engenharia é requerido à Construtora Cowan.

9 de setembro

A empresa responsável pelo serviço apresentou dois projetos de escoramentos que convenceram o representantes da SRTE/MG a suspender o embargo da implosão. Os trabalhos foram retomados para que o procedimento ocorra amanhã.


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