Haitianos que vivem na Grande BH dificilmente se misturam.
Marcílio de Moura é gerente de logística em uma distribuidora que emprega 35 haitianos em Contagem, e também considera os imigrantes muito fechados. “Não se relacionam com os brasileiros, o que não é bom, principalmente no trabalho. Peço a eles que se envolvam mais com os colegas, para que saibam diferenciar quem é do bem, quem é do mal”, disse Marcílio. O gerente tem medo de que eles se envolvam com pessoas erradas e com o uso de drogas. “Fico tranquilo em saber que eles têm uma orientação religiosa rígida”, disse.
ENDIVIDAMENTO Apesar dos princípios que chamam a atenção dos brasileiros, muitos haitianos se renderam ao consumismo e estão endividados. “Gastam o salário com smartphones e notebooks”, confirma o intérprete de uma empresa, Daniel Alves, contratado para acompanhar os haitianos no serviço. “Quando sobram R$ 300 para mandar para a família no Haiti, é muito”, completa o gerente Marcílio. Segundo ele, sua empresa demitiu cinco ou seis haitianos para que eles pudessem pagar dívidas usando o acerto. “Não entendem direito como funciona o cartão de crédito. Com três meses já devem até R$ 5 mil”, conta o gerente.
Segundo o professor Duval Fernandes, muitos imigrantes se esforçam para pagar dívidas de até US$ 5 mil com “coiotes” e ainda mandam parte do salário para as famílias no Haiti.
Há três anos, o Ministério da Justiça concede vistos de permanência em caráter humanitário aos haitianos, por causa dos efeitos do terremoto em 2010. Segundo Duval Fernandes, o consulado do Brasil no Haiti emite 680 vistos por mês e a demanda não para de crescer: deve aumentar para mil mensais até o fim do ano. De janeiro de 2012 até agosto deste ano, segundo o Ministério das Relações Exteriores, a embaixada em Porto Príncipe concedeu 8.661 vistos a cidadãos haitianos, em caráter humanitário, válidos por cinco anos. “Além disso, há 22 mil processos de pedido de refúgio em análise pelo Ministério da Justiça”, disse o professor da PUC Minas.
Memória
Pivôs de conflito entre estados
Em abril, o governo do Acre foi acusado de “despejar” na cidade de São Paulo centenas de haitianos que cruzavam a fronteira pelo estado da Região Norte. A estimativa da Prefeitura de São Paulo na época era de que 700 haitianos haviam chegado à cidade e que outros ônibus estavam a caminho. Devido aos efeitos das cheias do Rio Madeira, o governo do Acre desativou um abrigo em Brasileia e passou a custear o transporte dos imigrantes para o Sudeste. A secretária de estado de Justiça e da Defesa da Cidadania do governo paulista, Eloisa de Souza Arruda, ameaçou acionar o estado do Acre na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O governador acreano, Sebastião Viana (PT), reagiu ameaçando denunciar a secretária por preconceito e tentativa de higienização.
. Pivôs de conflito entre estados
Em abril, o governo do Acre foi acusado de “despejar” na cidade de São Paulo centenas de haitianos que cruzavam a fronteira pelo estado da Região Norte. A estimativa da Prefeitura de São Paulo na época era de que 700 haitianos haviam chegado à cidade e que outros ônibus estavam a caminho. Devido aos efeitos das cheias do Rio Madeira, o governo do Acre desativou um abrigo em Brasileia e passou a custear o transporte dos imigrantes para o Sudeste. A secretária de estado de Justiça e da Defesa da Cidadania do governo paulista, Eloisa de Souza Arruda, ameaçou acionar o estado do Acre na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. O governador acreano, Sebastião Viana (PT), reagiu ameaçando denunciar a secretária por preconceito e tentativa de higienização.