As testemunhas da queda do helicóptero prefixo PR-CIG, na represa de Furnas, em Fama, no Sul de Minas, que deixou duas pessoas mortas, começam a prestar depoimento nesta terça-feira. O delegado Eduardo Braga Corrêa pretende ouvir pelo menos 10 pessoas. O piloto da aeronave, Bruno Abtibol de Andrade, de 34 anos, que abandonou o local do acidente e depois se apresentou à polícia, deve prestar um novo depoimento na próxima semana. O policial não descarta o indiciamento por homicídio por dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também apura o caso.
O inquérito policial foi instaurado nesta segunda-feira depois que o delegado recebeu o boletim de ocorrência sobre o acidente. “Nos reunimos hoje para traçar as principais diligências para a conclusão do caso. Estamos fazendo o levantamento de testemunhas que estavam no local no momento dos fatos”, explicou Corrêa.
O delegado também pretende ouvir novamente o piloto. No dia do acidente, Abtibol abandonou o local e depois se apresentou à polícia, prestou depoimento na madrugada de domingo na delegacia de plantão da Polícia Civil em Varginha, e foi liberado. “Ao que me parece, ele não estava em condições de prestar depoimento naquele momento. Devia estar transtornado. Vou esperar uma semana e pedir novamente que ele compareça na delegacia. Usarei esse tempo para pesquisar com testemunhas o ocorrido”, comenta Eduardo.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) também investiga o caso. A suspeita é que o piloto oferecia voos panorâmicos. Porém, conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), a aeronave não tinha autorização para fazer serviços de táxi-aéreo. O certificado de aeronavegabilidade do helicóptero é valido até abril de 2018, e o documento de Inspeção Anual de Manutenção (IAM) até abril do próximo ano.
A suspeita da utilização da aeronave para o serviço foi levantada por alguns moradores da cidade. Alguns alegam que receberam panfletos que ofereciam o passei para “conhecerem a cidade de um ângulo diferente”. O preço seria de R$ 80. “As testemunhas foram chamadas para depôr e devem confirmar isso. Por enquanto, são só informações de terceiros. Alguns até relataram em redes sociais que o piloto chegava a perguntar se os passageiro queria voo com emoção ou sem emoção. Mas, isso não é oficial. Vamos ouvir todos antes de confirmar”, diz o delegado.
O piloto poderá ser indiciado por homicídio por dolo eventual. “Estamos pensando, no primeiro momento, em homicídio culposo, mas não podemos afastar no homicídio por dolo eventual, quando a pessoa assume o risco. Mas, só poderemos dizer depois das investigações”, comentou Corrêa.
A queda da aeronave foi pouco antes do meio dia do sábado. Sargento da Polícia Militar Marcos Antônio Alves, de 44 anos, e a sua companheira Lívia Reis Carvalho, de 27, foram aproveitar o passeio oferecido por Bruno. Segundo o piloto contou à polícia, na hora da decolagem havia um barco em frente à proa da aeronave e ele foi obrigado a fazer uma manobra evasiva pela direita.
Um piloto que analisou as imagens do acidente, e não quis se identificar, afirmou que o piloto errou na forma como fez a decolagem. “ Ele fez uma manobra que não é padrão e também não está prescrita no manual de voo da aeronave. Foi uma decolagem imprudente. A curva que ele fez não é padrão”, disse.
Veja o momento da queda da aeronave