Sem a colocação de faixas de aviso pela BHTrans, motoristas e moradores da Região de Venda Nova foram surpreendidos nesta segunda-feira com a reabertura parcial do trânsito na Avenida Pedro I, interrompido há mais de 80 dias, desde a queda do Viaduto Batalha dos Guararapes, que matou duas pessoas e deixou 23 feridas em 3 de julho. A maioria dos motoristas ficou satisfeita com a medida, como a primeira condutora a trafegar no sentido Centro-bairro, Ana Luíza Ramos da Silva, de 25 anos, que já se preparava para chegar atrasada em uma consulta médica quando descobriu que iria encurtar o caminho em meia hora. “Dei sorte”, comemorou ela, arrancando o carro.
A liberação da Pedro I, que ocorreu em meio a muita poeira e sem sinalização suficiente, também pegou de surpresa dois motociclistas: um deles sofreu acidente minutos depois da reabertura da avenida e outro cometeu infração. A BHTrans abriu o trecho às 15h03 no sentido Centro/Bairro. Às 15h25, o outro lado também foi reaberto.
Um motociclista, que não quis se identificar, tentou parar em um sinal de trânsito e acabou escorregando. O homem caiu, se levantou, subiu na motocicleta e seguiu o caminho, sem ferimentos. Logo depois, o pedreiro Warley Gonçalves de Souza, de 25, acabou detido por agentes da BHTrans. Ele seguia pela avenida em direção ao Centro quando tentou atravessar por cima do canteiro.
“O trânsito aqui na região estava simplesmente insuportável. Eram necessários 40 minutos para percorrer um trecho de um quilômetro”, protestou o motorista de ônibus aposentado Albino Felipe, de 59. Entre 30 e 40 minutos, era o tempo médio estimado que os carros de passeio gastavam para fazer o desvio por dentro do Bairro São João Batista, atravessando o Viaduto João Samaha em direção à Avenida Dr. Álvaro Camargos, Rua Eugênio Volpini e Rua Dr. Américo Gaspari até voltar à Avenida Pedro I. Era preciso dar a volta por dentro do bairro para chegar ao outro lado da Avenida Pedro I. Durante quase três meses, máquinas pesadas trabalharam ativamente para demolir o viaduto que desabou e reconstruir cerca de 150 metros da via.
Apesar da reabertura da Pedro I, nem tudo ficou pronto dentro do prazo previsto. Informalmente, agentes da BHTrans diziam que o restante da pista deve ser reaberto na metade da semana que vem e que os trabalhos de orientação e fiscalização permanecem durante todo o dia de hoje. “Duvido. Quando caiu o viaduto, disseram que em três dias estaria liberado por causa da Copa do Mundo. Passaram-se três meses”, questionou o motoboy Rodrigo Reis do Santos. Segundo ele, o percurso para levar a sogra na garupa, até o outro lado da avenida, foi esticado de cinco minutos para 20 minutos.
Os motoristas que seguem no sentido Centro/Bairro estão passando pela pista mista entre a Avenida João Samaha e a Rua Américo Gasparini. Já os que seguem na direção contrária vão passar pela pista busway. Os veículos devem seguir até a altura da Rua João Samaha, onde os carros retornam à pista mista e as linhas BRT/Move seguem pela pista exclusiva. Para motoristas da Região do Planalto, o acesso ao Centro segue pela Avenida Cristiano Guimarães até a Pedro I e pela Avenida Portugal.
PREJUÍZO
“Se demorasse mais um mês para reabrir, meu negócio quebrava”, desabafou Anderson Garcia, dono de casa de sucos e lanchonete nas imediações do viaduto. Para equilibrar as finanças, ele se viu obrigado a dispensar três funcionários e continuar tocando a loja apenas com a ajuda da mulher. “Antes, atendia a 600 pessoas por dia. Meu movimento caiu para 50 pessoas”, conta ele, que não quer a reconstrução do viaduto que desabou.
Ontem pela manhã, os operários fizeram os últimos ajustes na Avenida Pedro I para liberação parcial do trânsito. Por volta das 9h, o asfalto da pista mista, sentido Centro/bairro, foi concluído e, em seguida, deu início a pintura da sinalização no chão. A pista central do BRT também passou por limpeza. O trabalho de retirada de entulho no entorno da avenida, perto dos edifícios Antares e Savana, também continua.