Uma ação coordenada das ocupações urbanas fecha ruas e avenidas em diferentes pontos de Belo Horizonte e municípios da região metropolitana na manhã desta quarta-feira.
“É uma manifestação pedindo o despejo zero em Minas Gerais. Vão ter atos em vários lugares e eles estão para acontecer nos próximos minutos”, explica Leonardo Péricles, do Movimento de Luta dos Bairros (MLB). Segundo ele, há 270 mandados de reintegração de posse para acampamentos no campo e nas cidades.
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O primeiro ato registrado foi de moradores da Ocupação William Rosa, que protestam na Avenida Severino Ballesteros Rodrigues, em Contagem. São cerca de 40 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM).
A Rua Pará de Minas no cruzamento com o Anel Rodoviário, na Praça São Vicente, Região Noroeste de Belo Horizonte, também foi ocupada por 50 manifestantes. O grupo, da Ocupação Guarani Kaiowá, queima pneus e interdita os dois sentidos da via causando um longo engarrafamento na região, além de exibir uma faixa com os dizeres "Ocupações unidas, despejo zero".
O protesto também fechou a Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente a câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Região da Pampulha.
Conforme a polícia, por volta de 10h, cerca de 300 moradores de ocupações iniciaram uma caminhada da Avenida Brasília, Bairro São Benedito, e Santa Luzia, para a Cidade Administrativa.
Também há 30 moradores de ocupações fechando a saída dos ônibus da Estação Diamante, no Barreiro, que seguem para o Centro de Belo Horizonte pela Via do Minério.
A LMG-806 em Ribeirão das Neves, na Grande BH, também foi ocupada por moradores da ocupação do Bairro Areias. Cerca de 100 pessoas bloquearam a via queimando pneus e segundo a PM, estão resistentes em liberar o trânsito. A estrada liga Neves a Justinópolis.
Segundo a PM, o Batalhão de Choque está atuando em duas das manifestações, na Avenida Antônio Carlos e na Praça São Vicente, porque são protestos mais centrais, que atrapalham o trânsito em grande escala na capital.
O manifesto Despejo Zero em Minas assinado pelas ocupações informa: “Os movimentos sociais organizados, as ocupações urbanas e a sociedade civil não admitirão despejos forçados no Estado de Minas Gerais! Se o Estado e seu aparato repressivo forem utilizados contra o povo pobre das ocupações responderemos com TRANCAMENTOS PERIÓDICOS da cidade como forma de pressionar os governos a respeitarem o povo que constrói cotidianamente as cidades, mas que contraditoriamente não tem acesso a ela, sendo alijados de direitos essenciais como à moradia digna”.
O documento é assinado pelas comunidades Rosa Leão, Esperança, Vitória, Dandara, Novo São Lucas, Nelson Mandela I (Aglomerado da Serra), Eliana Silva e Nelson Mandela II (Barreiro), Guarani Kaiowá e Willian Rosa (Contagem), Dom Tomás Balduíno I (Ribeirão das Neves), Dom Tomás Balduíno II (Betim) e Bairro Nossa Senhora de Fátima
Encontro no Centro
Está marcado um encontro às 16h de lideranças das 12 ocupações na Grande BH na escadaria do Palácio da Justiça, na Avenida Afonso Pena, Centro da capital. Representantes das comunidades, das Brigadas Populares, Comissão Pastoral e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) vão conceder entrevista coletiva sobre os protestos e os rumos das manifestações. Na quinta-feira, às 19h, os líderes terão uma plenária com candidatos ao governo de Minas na Igreja São José, Centro de BH, para apresentar uma carta de compromisso aos políticos.
Professores da rede pública municipal estão reunidos na Praça Afonso Arinos, no Centro de BH, para um assembleia nesta quarta-feira. Mais de 60 profissionais levaram cadeiras para a região e estão acompanhados de um caminhão de som. O trânsito está muito lento no entorno da praça. Não há previsão de passeata. De acordo com o Sind-Rede, a categoria faz paralisação hoje em "luta pelas 7h de planejamento na rede municipal de BH".
Fim dos protestos
Por volta de 10h40, representantes das ocupações informaram quem algumas mobilizações começaram a dispersar. No Barreiro, os manifestantes conseguiram marcar uma reunião com a regional da prefeitura e em Neves, o grupo será recebido pela prefeita às 14h. Esses dois protestos já terminaram. A previsão é de liberação total das ruas e avenidas por volta de 12h.