Jornal Estado de Minas

Moradores de ocupações encerram protestos depois de manhã caótica no trânsito

Pelo menos seis ruas e avenidas em Belo Horizonte e região metropolitana foram tomadas por protestos contra ações de despejo

Cristiane Silva Luana Cruz

- Foto: Carlos Henrique/Divulgação

Depois de uma manhã de protestos em Belo Horizonte e região metropolitana, as ocupações urbanas encerraram a manifestação Despejo Zero contra 270 mandados de reintegração de posse para acampamentos pelo estado. Os moradores já dispersaram depois de provocarem longos engarrafamentos em pelo menos seis ruas e avenidas. O trânsito ficou congestionado por mais de quatro horas nos trechos alvo de protestos.

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O primeiro ato registrado foi de moradores da Ocupação William Rosa, que protestam na Avenida Severino Ballesteros Rodrigues, em Contagem. Em paralelo, manifestantes fecharam a Rua Pará de Minas no cruzamento com o Anel Rodoviário, na Praça São Vicente, Região Noroeste de Belo Horizonte. O protesto também bloqueou a Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente a câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na Região da Pampulha. Moradores de ocupações  fecharam a saída dos ônibus da Estação Diamante, na Via do Minério, Região do Barreiro.

A LMG-806 em Ribeirão das Neves, na Grande BH, também foi ocupada por comunidades do Bairro Areias.
O protesto mais demorado ocorreu no início da Avenida Cristiano Machado, perto do Shopping Estação BH, na Região de Venda Nova. O grupo encerrou a mobilização por volta de 11h40. A BHTrans precisou montar um desvio de trânsito nesse trecho.

Em todos os casos, as comunidades queimaram pneus, interditaram completamente o trânsito e levaram faixas pedindo pelo “despejo zero”. Com resultado da mobilização, as comunidades do Barreiro conseguiram marcar uma reunião com a regional da prefeitura, o grupo de Ribeirão das Neves será recebido pela prefeita da cidade às 14h e as lideranças que protestaram na Av. Cristiano Machado vão negociar com o secretário da regional norte da PBH.

O manifesto assinado pelas ocupações informa: “Os movimentos sociais organizados, as ocupações urbanas e a sociedade civil não admitirão despejos forçados no Estado de Minas Gerais! Se o Estado e seu aparato repressivo forem utilizados contra o povo pobre das ocupações responderemos com TRANCAMENTOS PERIÓDICOS da cidade como forma de pressionar os governos a respeitarem o povo que constrói cotidianamente as cidades, mas que contraditoriamente não tem acesso a ela, sendo alijados de direitos essenciais como à moradia digna”.

O documento é assinado pelas comunidades Rosa Leão, Esperança, Vitória, Dandara, Novo São Lucas, Nelson Mandela I (Aglomerado da Serra), Eliana Silva e Nelson Mandela II (Barreiro), Guarani Kaiowá e Willian Rosa (Contagem), Dom Tomás Balduíno I (Ribeirão das Neves), Dom Tomás Balduíno II (Betim) e Bairro Nossa Senhora de Fátima.

Encontro no Centro

Está marcado um encontro às 16h de lideranças das 12 ocupações na Grande BH na escadaria do Palácio da Justiça, na Avenida Afonso Pena, Centro da capital. Representantes das comunidades, das Brigadas Populares, Comissão Pastoral e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) vão conceder entrevista coletiva sobre os protestos e os rumos das manifestações. Na quinta-feira, às 19h, os líderes terão uma plenária com candidatos ao governo de Minas na Igreja São José, Centro de BH, para apresentar uma carta de compromisso aos políticos.

 

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