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Estado de Minas

Bombeiros encerram buscas por operário soterrado em mineradora depois de 15 dias

Um dos motivos para suspender os trabalhos é a falta de segurança no terreno. Familiares da vítima desaparecida já foram avisados sobre a decisão e receberam acompanhamento psicológico


postado em 25/09/2014 17:59 / atualizado em 25/09/2014 18:55

Os militares tiveram dificuldades por causa da instabilidade do terreno(foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)
Os militares tiveram dificuldades por causa da instabilidade do terreno (foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press)

As buscas pelo operário de retroescavadeira Adilson Aparecido Batista, de 44 anos, na mineradora Herculano, em Itabirito, na Região Central de Minas Gerais, foram encerradas nesta quinta-feira. O Corpo de Bombeiros afirmou que os trabalhos, que duraram 15 dias, serão paralisados por causa da falta de segurança, já que terão que ser feitos buracos mais profundos e os rejeitos de minério correm risco de deslizar novamente. Familiares da vítima desaparecida já foram avisados sobre a decisão e receberam acompanhamento psicológico.

O fim das buscas não agradou a família do trabalhador, que mantinham as esperanças de prestar as últimas homenagens ao familiar. “Se encontrasse iria sair aquele aperto do peito. Ficaríamos mais tranquilo. É complicado o fim dos trabalhos. Se a gente quiser chegar lá e escavar eles não vão deixar. Se tivéssemos esse poder, mas não temos”, questionou Valtnil Geraldo Batista, de 41 anos, irmão de Adilson.

A notícia do encerramento dos trabalhos foi dada nesta manhã a família por psicólogos. A dona de casa Patrícia Aparecida Batista, de 34 anos, ficou triste com o fim das buscas, mas entendeu o lado dos militares. “Não tenho nem palavras para falar. Não tem como ficar revoltada. Eles fizeram o possível, mas não teve jeito. É difícil aceitar por que a obrigação é procurar, mas não podemos fazer nada”, comentou.

Para a mulher, o local onde eram feitas as buscas estava errado. “Na minha opinião, ele está do outro lado, porque a força da terra foi muito grande e deve ter arrastado para longe”, explicou. Além de Adilson, outros dois trabalhadores foram soterrados na tragédia. O topógrafo Reinaldo da Costa Melo, de 68 anos, funcionário de uma empresa terceirizada, fazia medições próximo à barragem quando foi atingido. Ele foi achado morto, sobre a lama. Cristiano Fernandes da Silva, de 32, que dirigia um caminhão, foi encontrado sem vida na cabine do veículo parcialmente soterrado.

O Corpo de Bombeiros confirmou que os trabalhos serão encerrados. De acordo com a assessoria de imprensa da corporação, o principal motivo é a falta de segurança no local. Os militares fizeram buscas superficiais com escavações até um certo nível nas áreas onde os cães farejadores apontavam e próximo a escavadeira que era controlada por Adilson, porém sem sucesso. A próxima fase dos trabalhos seria aumentar a profundidade das escavações e por isso aumentaria o risco de acidentes.

Conforme os bombeiros, técnicos fizeram uma análise do solo de detectaram que há riscos de novos deslizamentos caso buracos mais profundos fossem feitos.



Bens bloqueados

A empresa Herculano vai recorrer da decisão da Justiça que bloqueou os bens da mineradora de seus sócios. A determinação atende um pedido de uma ação cautelar do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para garantir a indenização e a recuperação dos danos causados pela tragédia. O valor do bloqueio pode chegar a R$ 30 milhões.

Segundo o MPMG, os impactos do incidente ainda não foram completamente contidos e há riscos de agravamento do desastre ambiental e de comprometimento de abastecimento de água para o município de Itabirito.


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