Mas medidas sugeridas para enfrentar a estiagem podem provocar resistência, já que interfeririam em setores como a indústria e o agronegócio e reduziriam a vazão da represa de Três Marias, o que afetaria cidades rio abaixo. Durante o período crítico de seca, grandes consumidores, que respondem por 90% do consumo de água (70% do agronegócio e 20% das indústrias) podem ser obrigados a aderir a uma espécie de racionamento, com pedido à Agência Nacional das Águas (ANA) e ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) para que revisem as outorgas concedidas na Bacia do São Francisco. A presidente do instituto, Marília Carvalho de Melo, informou ontem que está sendo estudada com autoridades federais a racionalização da concessão dessas outorgas no período crítico.
A previsão é de que em 15 dias esteja concluído levantamento do consumo de atividades que usam volume acima de 1m3 de água por segundo. Medidas de restrição do uso de água ainda não estão definidas em detalhes, mas podem variar entre a captação em turnos diferentes ou dias alternados, com nível de redução de 10% a 20%.
Outra proposta apresentada por integrantes da Câmara Consultiva Regional do Alto São Francisco, que representa o braço mineiro no comitê, foi a redução da vazão de água da represa de Três Marias, dos atuais 160m3/s para 140m3/s em outubro e 120m3/s em novembro. A medida teria o objetivo de prevenir uma redução ainda maior do volume útil da represa, que está sendo alimentada por apenas 32m3/s. Em outras palavras, a barragem recebe menos de um quinto da água do que libera para os municípios abaixo da represa.
Rio acima, o comitê propõe um levantamento dos municípios que tiveram nascentes e córregos secos, para que seja decretado estado de emergência, além dos 160 que já decretaram calamidade em função da seca. Com isso, serão tomadas medidas paliativas a partir do protocolo da Defesa Civil, como contratação de caminhões-pipa e perfuração de poços artesianos.
Refresco breve Um chuvisco no fim da tarde de ontem em bairros das regiões Centro-Sul, Pampulha e Noroeste amenizou o calor na capital, depois de quase dois meses sem chuva. A instabilidade foi causada por uma frente fria que vem do Sul do país e provoca o aumento da nebulosidade no estado. No Triângulo Mineiro, foram registradas pancadas rápidas de chuva em cidades como Uberaba, Uberlândia, Ituiutaba e Araguari. De acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis, do Instituto Climatempo, o fim de semana deve ser de tempo seco em BH..