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Estado de Minas

Lacerda diz que população de BH não deve dar presentes ou comidas a moradores de rua

Declaração do prefeito foi em resposta à insatisfação de comerciantes da Savassi, que se dizem inseguros e ameaçam fechar as portas por causa de criminosos infiltrados entre a população de rua


postado em 30/09/2014 21:53 / atualizado em 30/09/2014 22:14

Frequentadores da Savassi denunciam ação de criminosos infiltrados entre a população de rua (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
Frequentadores da Savassi denunciam ação de criminosos infiltrados entre a população de rua (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)

O prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda (PSB) disse nesta terça-feira que as pessoas devem parar de ficar dando presentes, doces e comidas aos moradores de rua para não incentivar a presença deles nos locais onde estão. “As pessoas deveriam se negar a ajudar essas pessoas e ligar para o telefone 156 da central de relacionamento da prefeitura e pedir a presença de um assistente social”, disse Lacerda, quando recebia o Selo Município Livre do Analfabetismo, concedido pelo Ministério da Educação, no Teatro Francisco Nunes.

A declaração do prefeito foi uma resposta à insatisfação de comerciantes da Savassi, na Região Centro-Sul, que ameaçam fechar as portas do comércio em protesto à falta de segurança atribuída à presença de criminosos disfarçados de moradores de rua, segundo eles. Pesquisa feita no início deste semestre pela CDL, que entrevistou 202 comerciantes da Savassi para avaliar a insatisfação deles, aponta que as principais dificuldades é com a falta de estacionamento (30%), presença de moradores de rua (21,16%), falta de limpeza urbana (10,93%), de iluminação (7,21%), e de segurança e de policiamento (7,21%).

Segundo ele, as pessoas querem fazer caridade, estão bem intencionadas, mas cerca de 600 moradores têm o cartão-alimentação que oferece três refeições por dia nos restaurantes populares, abrigos. Além disso, segundo ele, há o Centro de Saúde Carlos Chagas, especializado em atendimento a eles, consultório de rua para tratar a questão do crack, entre outros serviços. “A abordagem dessas pessoas é constante para tentar ajudá-las. Mas, boa parte deles têm dificuldade até de passar a noite em um abrigo por haver regras, como horário de silêncio”, disse.

MALANDROS Para o prefeito, deve haver um sistema de informação policial para retirar os “malandros de rua” infiltrados entre aqueles que vivem ao relento. “Essa ação policial deve ser mais permanente. Não é uma tarefa da prefeitura. O tempo todo a gente dialoga com a PM sobre isso e apoiamos as suas operações. Não fazemos esse trabalho policial de prender traficantes”, reagiu o prefeito.

O sofrimento mental é a principal causa da presença das pessoas nas ruas, segundo Lacerda, e as estruturas de atendimento estão sendo ampliadas. “Inauguramos há duas semanas o segundo Centro de Referência Mental, Álcool e Droga e vamos fazer mais dois”, disse.

Lacerda disse que a prefeitura tem acompanhado a população sem situação de rua e que há um comitê intersetorial envolvendo as polícias Militar, Civil, Ministério Público, Organizações Não-governamentais e igrejas que se reúne mensalmente para discutir e buscar solução para o problema. Segundo ele, a maioria de quem vive nas ruas é portador de sofrimento mental, consome drogas, e que o município não pode retirá-los à força das ruas. “Até para recolher objetos em excesso deles foi necessário uma grande negociação. Houve, inclusive, ações da Justiça contra a prefeitura”, disse o prefeito, lembrando que foi feito um censo e hoje são 1,8 mil pessoas vivendo nas ruas da capital. “Eles estão se juntado em determinadas áreas. No ano passado, conseguimos retirar das ruas cerca de 230 pessoas com muito esforço e trabalho de convencimento. A gente busca as famílias deles em Belo Horizonte e em outros estados, mas outros continuam chegando”, disse o prefeito. “O mundo inteiro tem problemas com moradores de rua. Os Estados Unidos têm 3 milhões de pessoas vagando nas ruas. Participei de uma reunião de prefeitos no início do ano em Vancouver, que é uma cidade riquíssima, e que tem 1,5 mil morando nas ruas”, disse Lacerda.

A Polícia Militar informou que as reclamações sobre a presença de moradores de rua e a sujeira deixada por eles na porta dos comércios cresceram muito este ano, que os empresários têm recorrido à PM para relatar incômodo, mas a corporação atua somente em situações de crime. A PM disse ter uma limitação em relação aos moradores de rua que é a questão criminal. “Se há evidência de crime, a gente faz intervenção como, por exemplo, no uso de drogas ou tráfico. No entanto, o encaminhamento desses moradores quem faz é a prefeitura”, disse o comandante do 1º Batalhão da PM, tenente-coronel Helbert Figueiró.


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