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Estado de Minas

Investigador suspeito de matar policial civil diz que confundiu colega com bandido

Luno Eustáquio Costa Campos, de 24 anos, suspeito de matar o policial civil Clenir Freitas da Silva prestou depoimento à Corregedoria nesta quinta-feira. O advogado dele acompanhou a oitiva e relatou o que foi dito na Casa de Custódia


postado em 02/10/2014 13:18 / atualizado em 02/10/2014 13:53

O investigador Luno Eustáquio Costa Campos, de 24 anos, suspeito de matar o policial civil Clenir Freitas da Silva, em Betim, na Grande BH, prestou depoimento à Corregedoria da Polícia Civil nesta quinta-feira. Além dele, o investigador Lucas Menezes Meireles é apontado com autor do crime e os dois estão presos na Casa de Custódia da corporação, na Região Leste de BH, onde ocorreu a oitiva de hoje. Segundo o advogado Ramon dos Santos, que defende os acusados, Luno reafirmou que não reconheceu o colega de profissão, por isso atirou.

Freitas estava junto com um delegado do 1º DP de Betim em uma Kombi. O veículo estava estacionado no Bairro Capelinha para que os policiais, em campana, observassem o movimento de suspeitos na região em uma operação contra o tráfico de drogas. No local, recentemente, houve um duplo homicídio que também era investigado. Os policiais decidiram abordar um suspeito de tráfico que carregava um malote perto de um trailer. Descobriram que no pacote havia R$ 20 mil e porções de droga.

Enquanto se concentraram na abordagem, foram surpreendidos por homens armados que chegaram em um Fiat Stilo de cor amarela. Os homens se aproximaram e atiraram contra Freitas e o delegado. O Stilo pertence, inclusive, à delegacia onde trabalham. O carro era dirigido por Lucas e Luno estava no banco de passageiro. Há suspeitas de que Lucas e Luno faziam escolta para traficantes, em troca de propina. Houve troca de tiros e o investigador Freitas acabou baleado. Ele chegou a ser levado para a Unidade de Atendimento Integrado (Uai), no Bairro Teresópolis, mas morreu ao dar entrada.

Luno e Lucas são lotados na 8ª Delegacia Especializada de Homicídios de Betim, onde trabalham há cerca de quatro anos. Já o policial que morreu era da equipe da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Betim e tinha 17 anos de corporação. Segundo o advogado Ramon dos Santos, o depoimento de hoje é apenas um complemento do que já foi dito no dia em que os dois investigadores se apresentaram à Corregedoria. Somente Luno foi ouvido, de acordo com pedido do corregedor.

“São muitas coisas que ele está sendo acusado. Esta situação do dinheiro não é verdade. Ele se defendeu hoje dizendo que não sabia que se tratavam de policiais. Pelo modo como estavam vestidos – correntes grossas no pescoço, boné de aba larga – foram confundidos com criminosos da região. No momento do disparo, ele não sabia que se tratavam de policiais”, contou o defensor.

Ainda segundo Santos, a equipe de Freitas se aproximou do Fiat Stilo pela frente, um procedimento que não é padrão da Polícia Civil, fazendo com que Luno e Lucas desconfiassem da abordagem. Conforme o advogado, os dois acharam que se tratava de algum bandido da região.

O Fiat Stilo pertencente à 8ª Delegacia era de propriedade de um traficante da região, mas foi apreendido em uma operação e deixado – com autorização judicial – para uso de policiais em investigações como viatura descaracterizada. Conforme o advogado, Luno e Lucas pensaram que criminosos da área teriam reconhecido o veículo e abordado como forma de acerto de contas. Porém, esses homens que pensaram ser bandidos, eram colegas de profissão.

Conforme Santos, o investigador Luno ainda argumentou sobre a Kombi usada pelos colegas na campana. Segundo ele, a Kombi é de um morador do bairro e foi emprestada para os policiais trabalharem sem levantar suspeitas. Esse fator também contribuiu para que Luno e Lucas confundissem Freitas com morador do bairro.

“A única coisa que fez foi se defender. Não sabia que se tratava de policiais e pensou que pudessem ser criminosos”, relata o advogado sobre o depoimento do cliente. Ainda de acordo com Santos, Freitas teria disparado antes contra o Fiat Stilo, só depois disso houve troca de tiros. Os acusados alegam que estavam no Capelinha para apuração do duplo homicídio que ocorreu dias antes e colocam em dúvida a versão de que a equipe da 1ª Delegacia estava lá a trabalho.

Para o advogado está provado que Luno e Lucas não levavam um padrão de vida alto, fruto de recebimento de propinas, como foram acusados. Ele acredita que a Corregedoria terá muito trabalho para apurar o caso e afirma que a equipe da 1ª Delegacia é que tem carros e casas de luxo.

O advogado vai entrar com pedido de revogação da prisão preventiva para os dois investigadores. Ele não usou o recurso antes porque Luno e Lucas estavam sendo ameaçados de morte. Conforme Santos, a Corregedoria tem 10 dias para concluir as apurações. A assessoria da Polícia Civil informou que não vai divulgar informações sobre o depoimento de hoje.


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