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Estado de Minas

Hippies resistem em áreas proibidas no Centro de BH

Artesãos sem cadastro ocupam áreas perto da feira da Afonso Pena na véspera da entrada em vigor de norma que limita locais de exposição. Feirantes aprovam medida da prefeitura


postado em 06/10/2014 06:00 / atualizado em 06/10/2014 07:25

Guilherme Paranaiba

 

Vendedores sem licença no passeio: norma proíbe ocupação do local (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Vendedores sem licença no passeio: norma proíbe ocupação do local (foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)

No último domingo antes da entrada em vigor da portaria da Prefeitura de Belo Horizonte que restringe a área de atuação de artesãos e hippies na capital mineira, eles ocuparam normalmente as calçadas da Avenida Afonso Pena durante a Feira de Arte, Artesanato e Produtores de Variedades de BH. A nova regra imposta pela administração municipal começa a valer hoje. O objetivo é coibir o comércio irregular, praticado por camelôs infiltrados, além de organizar a atividade cultural dos artesãos, prevista por liminar judicial. De acordo com a mudança, eles poderão expor seus objetos apenas na Praça Rio Branco (Praça da Rodoviária) e no quarteirão fechado da Rua Carijós, entre a Praça Sete e a Rua Espírito Santo.

Ontem, eles garantiram que vão continuar exercendo a atividade normalmente pelas ruas da cidade. O principal local de concentração durante a semana é o quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro, entre a Praça Sete e a Rua dos Tamoios. Há também uma promessa de manifestação contra a mudança, ainda sem data e formato definidos. Já os feirantes, que passaram por licitação e podem vender normalmente seus produtos nas barracas da Afonso Pena, consideram que a situação dos artesãos de rua necessita de uma organização. A maioria aprova a medida, sob o principal argumento de que aquele espaço é pago, enquanto os artesãos atuam sem arcar com nenhuma taxa.

As artesãs Luciana Yvy Rocha, de 37 anos, e Yuki Sakai, de 43, usam a calçada da Avenida Afonso Pena aos domingos para mostrar seus produtos e ambas acreditam que a população vai perder muito com a nova regra.  “Podemos contar no dedo quem é artesão dentro da feira. Muitos clientes dizem que demoram para encontrar um objeto que seja de fato artesanato”, diz Yuki. “São espaços sem nenhuma divulgação, não sabemos o critério que usaram para escolher esses locais”, acrescenta Luciana.

“O lugar é impróprio, isolado e inseguro. Vai diminuir o trabalho de quem tem talento e é um verdadeiro artesão”, reclama Maria Cecília Louzada Santos, de 39, também afetada pela nova medida. O artesão Ricardo Fernandez, de 55, expõe nas ruas de BH há 23 anos e considera muito estranha a decisão da prefeitura. “A nova regra veio por meio de uma portaria. Acredito que isso não se sobrepõe a uma liminar da Justiça. Vamos continuar trabalhando normalmente e ver o que vai acontecer”, diz ele.

Há 20 anos na feira da Afonso Pena, Alice Maria Rocha, de 60, tem uma barraca e considera justa a decisão da PBH. “Se isso não ocorrer, a feira acaba crescendo de uma forma extremamente desorganizada. Além disso, pagamos por esse espaço, enquanto eles não”, diz ela. Eli Vasconcelos, de 51, também é antigo na feira e acredita que é injusto duas pessoas usarem o espaço e apenas uma pagar para estar ali. “Acaba ficando desproporcional”, afirma ele.

Vânia Teixeira, de 53, também passou por licitação e tem uma barraca regularizada. Ela reconhece que a questão necessita de uma solução, mas não a da PBH. “Eles deveriam fazer a inscrição e ocupar um espaço aqui. Para onde forem,  o problema se repetirá”, diz ela. Já Silvana Moreira Veiga, de 52, é feirante desde 1996 e está do lado dos artesãos que expõem nas ruas. “Não vejo problema. Já temos poucos artesãos regularizados, tem muita coisa industrializada.”

O presidente da Federação Mineira dos Expositores das Feiras de Arte, Artesanato e Manufaturados, Apolo Costa, reconhece problemas na feira da Afonso Pena, mas garante que a entrada de produtos industrializados, por exemplo, é alvo de fiscalização da prefeitura. Ele acha a decisão de restringir o espaço dos artesãos de rua acertada. “Entre eles há pessoas que apenas revendem mercadorias compradas de terceiros. Cada feirante paga R$ 750 por ano por um espaço de três metros, o que torna a concorrência desigual”, afirma. Costa também não aprovou a Praça da Rodoviária como um dos locais apontados pela prefeitura. “Ali é mais complicado, pela violência. É interesse da federação amparar todos os artesãos. Vamos iniciar um cadastro de quem está em BH para tentar uma solução melhor”, afirma.


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