Gustavo Werneck
A luta para recuperação de bens desaparecidos de igrejas, capelas e museus de Minas renova sua força, amplia horizontes e pede a colaboração efetiva das comunidades para localizar e trazer de volta ao estado imagens, partes de altares, cálices e outros objetos sacros. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio da Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais (CPPC), lança campanha para coibir o comércio clandestino das peças, muitas das quais podem ter sido furtadas ou vendidas ilicitamente ao longo de décadas. O esteio da campanha é um cartaz conclamando a população para denunciar sempre os sumiços e os crimes. Fotos estarão disponíveis também nas redes sociais.
Segundo levantamento concluído ontem pelo MPMG, o número de peças sacras mineiras desaparecidas é de 720. O coordenador do CPPC, promotor de Justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, explica que, para fechar a conta, foi decisiva a colaboração de moradores da capital e interior do estado, que passaram informações valiosas, incluindo fotografias antigas, documentos de família, relatos e outros dados. “Na última campanha que fizemos, em 2005, tínhamos 200 bens apreendidos. Hoje, são mais de 500”, afirma o promotor.
Logo depois de terminada a distribuição, está prevista a reimpressão do material, que traz 32 imagens coloridas ou em preto e branco, únicos registros do tempo em que as peças compunham o conjunto religioso de igrejas, capelas e museus. “Esta é a primeira vez que os cartazes expõem um grande número de obras. Procuramos diversificar ao máximo, apresentando imagens pertencentes a cidades como Oliveira, na Região Centro-Oeste, Congonhas, na Central, Campanha e Serranos, no Sul e Itacambira, no Norte”, explica o promotor, lembrando que o trabalho decisivo para recuperar os tesouros sumidos começou em 2003, mediante operações policiais, ações na Justiça, devoluções espontâneas, entregas aos padres, durante a confissão individual, anônimas ou pelo correio, sem remetente.
Com a divulgação das fotos das imagens, as autoridades do MPMG querem aproximar ainda mais as relíquias – a maior parte esculpida no século 18, em madeira policromada – da população e, com isso, ter informações sobre o paradeiros dos bens. “A campanha tem o caráter informativo e preventivo, pois impedir furtos é o mais importante nesse caso. Dessa forma, a vigilância dos monumentos é primordial para impedir assaltos”, alerta o coordenador do CPPC.
Um olhar cuidadoso sobre o cartaz faz brilhar o esplendor do tesouros de Minas. Na galeria, está o Cativo (século 18), furtado em 1994, do Museu Regional do Sul de Minas, em Campanha; São José (séc. 18), furtado em 1996 da Igreja de Nossa Senhora da Soledade, distrito de Lobo Leite, em Congonhas; Nossa Senhora do Bom Sucesso (séc. 18), furtada em 1994 da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Serranos; Santana Mestra (séc. 18), furtada em 1997 da Igreja Matriz de Santana, em Inhaí, Diamantina; São Miguel Arcanjo (séc. 18/19), furtado em 2003 da Igreja Matriz de São Caetano, em Mariana, e Nossa Senhora da Conceição (séc. 19), furtada em 2003 do Museu de Arte Sacra Dom José Medeiros Leite, de Oliveira.
PARA DENUNCIAR
Quem tiver informações sobre peças roubadas e quiser fazer denúncias pode acionar:
Ministério Público de Minas Gerais
e-mail: cppc@mpmg.mp.br e telefone (31) 3250-4620. Pode também
enviar correspondência para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto,
Belo Horizonte, CEP: 30.140-062
Iphan
Para obter ou dar informações, basta acessar o www.iphan.gov.br e verificar
o banco de dados de peças desaparecidas. Denúncias anônimas podem ser feitas pelo telefone (21) 2262-1971 ou pelo e-mail bcp-emov@iphan.gov.br.
Iepha/MG
Acesse www.iepha.mg.gov.br ou ligue para (31) 3235-2812 ou
2813. Cartas podem ser enviadas para a Rua Aimorés, 1.697, Bairro
Lourdes – Belo Horizonte. CEP 30.140-071