O clima de comoção e preocupação tomou conta de Carrancas, no Sul de Minas Gerais, na despedida de dois moradores que morreram ao tentar combater um incêndio na Serra do município. Paulo Carolino da Silva, de 54 anos, e o aposentado Raimundo Ferreira Coimbra, de 48, receberam as últimas homenagens e foram considerados heróis, pois não tinham curso de brigadistas e, mesmo assim, enfrentaram as chamas. O amigo deles, José Ronaldo Monteiro Ferreira, de 49, seguem em estado grave no Hospital João XXIII.
Os corpos de Paulo e Raimundo, que eram amigos há anos, foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML) e levados para o Ginásio Poliesportivo da cidade, que possui cerca de 4 mil habitantes. Os moradores lotaram o local para se despedirem dos amigos e familiares. “É indescritível a nossa dor. Perderam a vida por fazer uma coisa de bem. Todos os dois eram bastante queridos aqui na cidade”, afirma o engenheiro Marcos Aurélio Coimbra, de 50 anos, irmão de Raimundo.
O velório aconteceu de caixão fechado por causa da condição dos corpos. Foi realizada uma missa e, logo em seguida o enterro no cemitério municipal, por volta das 14h. “A comoção é muito grande. Todos estão tristes. Como é cidade pequena, os moradores se conhecem”, disse Flávia Cristina Andrade Guimarães, chefe do gabinete da Prefeitura.
Incêndio
A morte dos dois homens foi uma fatalidade. Raimundo e Paulo se juntaram a Ferreira para tentar debelar o incêndio perto do Complexo da Zilda, conjunto de cachoeiras mais famoso do município. Segundo a prefeitura da cidade, eles caíram em uma vala e foram surpreendidos pelo fogo. Um médico do município e outros funcionários conseguiram resgatar somente o José Ronaldo com vida.
As chamas continuam sendo combatidas na região. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a situação está mais tranquila. “O fogo está praticamente controlado. Estamos combatendo a última linha de fogo na Serra de Carrancas em um local próximo ao município vizinho de Minduri.
Ao todo, o combate é feito por 35 homens, entre brigadistas da Universidade Federal de Lavras (UFLA), policiais militares do meio ambiente e bombeiros. Eles usam abafadores e bombas costais para debelar as chamas. A grande dificuldade é o terreno acidentado. “O acesso aos locais das queimadas é bem complicado. Muitas vezes o fogo estão em chapadas e paredões. Temos que deixar os veículos distantes e seguir a pé”, diz o capitão.
Mesmo com a situação controlada, os moradores da cidade seguem preocupados. “Todo mundo tem medo. Depois da tragédia, o pessoal não está se metendo tanto e deixando o combate com os profissionais.