Jornal Estado de Minas

Onda de calor vai se agravar em BH e outros municípios mineiros até segunda

Previsão é de novas quebras de recordes de temperatura em Minas e outros estados, entre amanhã e domingo. Em BH, moradores se esforçam para enfrentar seca associada à poluição

Landercy Hemerson, Márcia Maria Cruz e Guilherme Paranaiba
Maria do Carmo Campara adotou a sombrinha como companhia e ontem ainda ofereceu carona à nora - Foto: Euler Júnior/EM/D.A PRESS

O tempo quente que voltou a sufocar Belo Horizonte nessa quinta-feira, com máxima de 33°C, deve se tornar mais extremo de amanhã até segunda-feira. De acordo com previsão do Instituto Climatempo, a grande massa de ar que já domina o interior do país se tornará ainda mais intensa, principalmente entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e parte da Sul. Com o ar parado, o aquecimento durante o dia tende a aumentar. O fenômeno, conhecido como “bolha de calor”, deve ser mais intenso entre Minas, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Paraná. Temperaturas máximas devem superar facilmente os 40°C, com chances de extremos próximos a 45°C à sombra na tarde de domingo.

O meteorologista Ruibran dos Reis, do Climatempo, prevê que em BH a temperatura supere os 37,1°C, recorde em um século de medições, registrado em 2012. No Noroeste mineiro, Ruibran acredita que os termômetros superem os 40°C. “Há uma massa de ar quente sobre o estado e o que vai acontecer é uma intensificação do calor.” Além das temperaturas altas, ele explica que haverá queda da umidade do ar e que a concentração de raios ultravioleta será grande, já que o céu estará aberto.

Segundo Ruibran, na segunda a sensação de calor deve ser ainda maior, por causa do choque entre a massa de ar quente e uma frente de ar polar que vem do Sul. O meteorologista destaca que, a partir da terça-feira, com a estabilização da massa fria sobre Minas, as máximas podem cair entre 10°C e 15°C.

ALTERNATIVAS
Em Belo Horizonte, antes mesmo do agravamento do calor previsto para o fim de semana, a população já busca alternativas para enfrentar as altas temperaturas associadas ao tempo seco e à alta concentração de poluentes.
Um dos trunfos da recepcionista Franciane Pereira da Costa, de 29 anos, é beber muita água. No entanto, ela ainda não encontrou alternativa para respirar melhor. “A garganta fica seca e, para piorar, o ar está muito poluído”, diz.

A poluição não traz apenas desconforto: também contribui para agravar alergias respiratórias. É o que ocorre com a estudante da UFMG Vivian de Almeida Andrade, de 20, que tem sofrido com crises de rinite. “Tenho muita alergia. Preciso pingar soro fisiológico o dia inteiro, para evitar que o nariz sangre”, diz, afirmando que a nuvem de fumaça se espalhou de tal forma que a cidade parece estar tomada por neblina.

Ontem, para driblar o calor, o jeito foi buscar soluções criativas e roupas bem leves. A professora de música da UFMG Maria do Carmo Souza Campara, de 65, incorporou a sombrinha ao look diário. “Uso como bloqueador solar. Não saio sem ela”, diz. Na tarde de ontem, ela deu carona para a nora Maria Luísa. Como tem pressão baixa, a jovem não dispensa roupas confortáveis e uma alimentação bem leve.

Segundo o professor Antônio Leite Alves Radicchi, do Departamento de Medicina Preventiva e Social da UFMG, a piora na qualidade do ar, especialmente motivada por ozônio e material particulado, provoca irritação das mucosas, que pode comprometer as vias aéreas. “Se você respira esses poluentes e a mucosa está ressecada, a possibilidade de infecções é muito grande, pois a entrada de bactérias fica facilitada”, explica o especialista.

Ele lembra ainda que a exposição a poluentes a médio prazo pode levar ao câncer, assim como a doenças cardiovasculares. “Você acaba forçando o sistema respiratório, o que acarreta outros problemas”, completa.
De acordo com os médicos, as principais recomendações para o período são ingerir bastante água e evitar a prática de exercícios ao ar livre.

- Foto: Arte Soaia Piva.