Depois de 85 dias de forte calor e tempo seco em toda a cidade, voltou a chover em Belo Horizonte ontem, de madrugada e à noite. A última vez que a capital teve precipitação de forma consistente foi no fim de julho. Ao contrário das pancadas rápidas e isoladas do fim de setembro, a cidade foi tomada na noite de ontem por uma chuva constante, de intensidade moderada e com ventos fracos, comemorada por várias pessoas, inclusive nas redes sociais.
Depois da marca recorde do ano de 36,6°C em Belo Horizonte, no domingo, ontem a máxima foi de 31,6°C. O meteorologista Ruibran dos Reis, do ClimaTempo, explica que a chuva reduziu a temperatura máxima na capital, que pode cair mais até o fim de semana, chegando a 28°C. Em Minas, quem mora nas regiões Norte e Noroeste ainda enfrenta forte calor hoje e amanhã. Ontem, a máxima no estado foi de 40,8°C, em São Romão, no Norte.
“Até quinta-feira vai chover em boa parte do estado. Em BH, desde julho não chove continuamente. E assim vai prevalecer até dezembro. Antes disso, serão chuvas de baixa a média intensidade, em áreas isoladas. Mas a chegada da massa fria e outros sistemas vindos do Oceano Atlântico vai amenizar o calor, que, nos últimos dias, bateu recordes históricos, como os 41,6° C registrados em Ituiutaba e Campina Verde, no Triângulo”, analisou Reis.
O meteorologista prevê que no decorrer da semana a temperatura na Região Central varie entre 18°C e 28°C. Segundo ele, no domingo, quando ocorre a votação do segundo turno para eleição da Presidência da República, apesar de algumas nuvens, não vai chover. No Sul de Minas pode-se registrar mínimas de 12°C, com máxima de 36°C. No Triângulo, depois de máxima acima de 41°C, com a estabilização da massa fria, os termômetros não devem passar dos 34°C.
Para Ruibran, as chuvas nos próximos dias não serão suficientes para reverter os efeitos da seca nos mananciais dos principais rios e nem recompor reservatórios. O maior volume de chuvas, segundo ele, será em dezembro, com previsão de 30% a mais que a média para o período no Noroeste, Zona da Mata e Região Central. Em janeiro, as regiões Oeste, Sul e Triângulo Mineiro terão 15% a mais do que a média de chuva. “Para recuperar o baixo nível dos rios e represas seriam necessárias três estações chuvosas. No próximo ano, fevereiro e março serão de pouca chuva, a exemplo do que ocorreu este ano.”
CALOR INTENSO Estudos científicos mostram que a temperatura do ar em Minas, especialmente em BH, vem subindo nos últimos 100 anos. “No passado, as pessoas vinham à capital cuidar da saúde, porque o clima era frio e úmido. Depois da década de 1980, houve aumento significativo da temperatura do ar e queda da umidade relativa. Neste mês, a umidade relativa chegou a 13%”, assinala Ruibran.
As temperaturas desde janeiro estão ligeiramente acima da média histórica. Segundo o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), no relatório de 2007, as atividades humanas são as responsáveis pela elevação do calor no planeta. Nos últimos 100 anos a temperatura da Terra subiu em torno de 0,8 graus. As coletas de dados em BH começaram em 1912, e a menor temperatura observada foi em 1979, de 3,1°C no mês de junho. Nos últimos 20 anos a mínima não ficou abaixo de 8°C. Nas décadas de 1920, 30, 40 e 50, as máximas na capital eram em torno de 34°C. O recorde é de 37,1°C em outubro de 2012.