A Casa da Ópera, no Centro Histórico de Ouro Preto, Região Central de Minas, continua fechada e com situação estrutural precária. O mais antigo teatro em funcionamento das Américas está tomado pelos cupins e não recebe visitantes desde abril, quando o Corpo de Bombeiros determinou a interdição após a queda de uma viga e a constatação de problemas elétricos. Na manhã desta sexta-feira, equipes da Defesa Civil municipal fizeram a quarta vistoria no imóvel e confirmaram uma degradação ainda pior. A Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio, responsável pela conservação, afirma que a obra de reparo será licitada no início do mês de novembro.
Em maio, a prefeitura informou que faria a restauração do teatro, mas até hoje nenhuma intervenção foi feita. Atualmente, três servidores cuidam da Casa da Ópera, trabalhando em uma sala anexa, por causa dos riscos de desabamento dentro do imóvel. Outros funcionários foram remanejados para secretarias municipais, porque com a suspensão de eventos e visitações, ficaram sem função. Durante a Copa do Mundo e o Festival de Inverno de Ouro Preto, turistas tentavam visitar o patrimônio, mas receberam a notícia da interdição.
Os bombeiros emitiram laudo depois que uma viga, comida pelos cupins, quebrou em cima do palco. O documento, datado de abril deste ano, ainda aponta rede elétrica em contato com a madeira, quadro de distribuição elétrica com ligações irregulares em “gambiarra”, iluminação de emergência “inoperante”, extintores de incêndio vencidos e colocados em lugares inadequados, porta de emergência instalada com saída para o fluxo contrário de fuga, ausência de alvará de funcionamento, falta do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros e detector de fumaça com defeito. Conforme o laudo da corporação, o imóvel precisava de uma urgente avaliação técnica para solução de irregularidades, para oferecer segurança a visitantes e funcionários.
Inaugurado em 1770, no dia do aniversário do então rei de Portugal, dom João VI, o teatro no Largo do Carmo tem formato de lira, sendo um dos poucos no mundo que recriam o instrumento símbolo do nascimento da ópera. Com a acústica perfeita, foi construído pelo coronel João de Souza Lisboa, com provável projeto arquitetônico de Mateus Garcia, seguindo as linhas do barroco italiano desaparecidas na mudança da fachada em 1861.