A Polícia Federal, a pedido do Ministério Publico Federal, atua nas investigações sobre o assassinato do líder da Liga Camponesa dos Trabalhadores Pobres do Norte de Minas, Cleomar Rodrigues de Almeida, de 49 anos, cujo corpo foi enterrado na manhã desta sexta-feira, em Pedras de Maria da Cruz, na Região Norte de Minas. Ele foi morto na noite da última quarta-feira, com um tiro de espingarda, na estrada de terra que dá acesso ao assentamento de trabalhadores sem-terra Unidos com Deus, venceremos e à comunidade tradicional de vazanteiros de Caraíbas. Os trabalhadores apontam como principal suspeito um homem que seria “gerente” de um fazendeiro, que vive em conflito com os sem-terra e com comunidades tradicionais da região, às margens do Rio São Francisco.
Na última quarta-feira, ele teria ido à cidade de Pedras de Maria da Cruz para comprar mantimentos. Por volta das 19h, quando retornava para o assentamento, em uma moto, foi atingido com um tiro de espingarda calibre 12.
As investigações estão sendo chefiadas pelo delegado Elgécio Coutrim Lima Filho, da Delegacia de Homicídios de Januária. Ontem, a reportagem ligou para a delegacia de Januária, mas informação fornecida foi que o delegado Elgécio estava de “folga” e ninguém mais poderia falar sobre as investigações.
Segundo os moradores do assentamento, o suspeito do homicídio é um homem conhecido como 'Marquinho’, que seria gerente de um médico, morador de Belo Horizonte, dono da Fazenda Pedras de Maria de São João, que há meses, está em conflito com os trabalhadores sem-terra e com as famílias da comunidade tradicional de Caraíbas. O fazendeiro é acusado de “trancar” com cadeados cancelas de uma estrada que corta sua fazenda e impedir o acesso até o assentamento e a comunidade tradicional. Com as cancelas trancadas, foi impedida a passagem do veiculo do transporte escolar, obrigando as crianças do assentamento e da comunidade tradicional a utilizar a balsa escolar da prefeitura para percorrer o Rio São Francisco, a fim de chegar à escola em Pedras de Maria da Cruz.
Nesta sexta-feira, a Liga Operária, entidade de âmbito nacional, publicou no seu site uma nota de repúdio contra a violência no campo, lamentando a morte de Cleomar Rodrigues. “Denunciamos que crimes como esse têm aumentado e os gerentes desse podre e genocida Estado burguês latifundiário não tomam a menor providência. Ao contrário, criminalizam os camponeses que lutam por terra e protegem os grandes latifundiários. Enquanto o oportunismo está totalmente envolvido na farsa eleitoral, camponeses pobres e suas lideranças seguem sendo covardemente assassinados”, diz a nota da Liga Operária.