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Estado de Minas

Fiscais da prefeitura começam a remanjear hippies no Centro de BH

Fiscais da prefeitura, cumprindo portaria publicada em 3 de outubro, começaram a mudar os artesãos do quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro para o espaço da Rua dos Carijós


postado em 30/10/2014 06:00 / atualizado em 30/10/2014 07:18

Guilherme Paranaiba

Lúcio Seminovo passou a exibir as mercadorias em outro quarteirão fechado, cumprindo determinação municipal (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. Brasil)
Lúcio Seminovo passou a exibir as mercadorias em outro quarteirão fechado, cumprindo determinação municipal (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press. Brasil)

Os hippies e artesãos que expõem produtos na Rua Rio de Janeiro, nos arredores da Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, começaram a migrar para um dos quarteirões fechados da Rua dos Carijós, conforme obriga uma portaria da prefeitura publicada em 3 de outubro. Depois de três dias de ações educativas, fiscais da administração municipal foram ontem à Rio de Janeiro com o objetivo de reforçar que ali não é mais permitido vender as mercadorias. No quarteirão entre a Praça Sete e a Rua dos Tamoios, ainda há hippies, mas sem artesanato exposto. Outros vendiam as peças na Rua dos Carijós. Não houve apreensões de materiais ou multas durante o primeiro dia de ação efetiva.

Segundo o gerente de Licenciamento e Fiscalização da Regional Centro-Sul da prefeitura, Cláudio Antônio Mendes, os fiscais se posicionaram logo cedo nos arredores da Praça Sete para iniciar o trabalho de orientação dos artesãos. “Em 8, 9 e 10 de outubro, viemos com o objetivo de fazer uma ação educativa. A cópia da portaria foi distribuída para que todos ficassem informados da nova medida”, afirma o gerente. “Hoje (ontem) vamos manter essa postura, mas quem insistir em vender os produtos na área proibida poderá ser multado em R$ 834,32, além da apreensão da mercadoria que estiver exposta”, acrescenta o gerente de fiscalização. A ação será repetida em outras ocasiões, de acordo com cronograma interno da prefeitura.

Ao exigir que apenas determinados locais acolham os hippies, a prefeitura se apoia na Portaria 111/2014, publicada em 3 de outubro no Diário Oficial do Município (DOM). A iniciativa visa a conter a ação de camelôs, que vendem produtos industrializados espalhados entre os artesãos, e regular a liminar que permite a venda de artesanato nas ruas, segundo anunciou na época o Executivo municipal. Ficaram definidos dois espaços para esse tipo de trabalho: a Rua dos Carijós entre Praça Sete e Rua Espírito Santo e a Praça Rio Branco (Praça da Rodoviária).

Porém, as reclamações são muitas. Ontem, proibido de tirar das sacolas pulseiras, colares, brincos e outros tipos de artesanato para vender na Rio de Janeiro, um grupo de hippies permaneceu sentado em um dos quarteirões fechados. Um deles carregava uma placa pedindo ajuda financeira, já que eles não podem trabalhar. Para Eneas Henrique, de 39 anos, há 23 trabalhando na Praça Sete, parte da história da Rio de Janeiro foi construída pelos hippies e é covardia tirá-los de lá. “Vamos lutar até o fim. Esperamos contar com a ajuda das pessoas para reverter isso na Justiça.” O colega Lucas Eduardo Andrade, de 32, avalia a Praça Rio Branco como muito violenta e acredita que a prefeitura quer substituir marginais que atuam no local pelos hippies. “Ninguém vai sair daqui. Nosso trabalho deve ser liberado para qualquer praça. O que estamos atrapalhando? Voltamos à ditadura?”, questiona Lucas.

Enquanto os fiscais vigiavam a Rio de Janeiro, o movimento de expositores aumentou na Rua dos Carijós. O artesão Anderson Francisco, de 33, apesar de contrariado, não perdeu tempo e começou a vender as mercadorias que carregava. “Não achei a mudança boa porque eu era conhecido na Rio de Janeiro. Mas preciso trabalhar. Tomara que a mudança crie uma referência de artesanato aqui na Carijós.” Outro que também trabalhou ontem foi Nelson Matos, de 63. “O problema é que há muita gente junta neste lugar. Isso atrapalha os artesãos. Se tivesse mais espaço nos outros quarteirões da praça seria bom para todos.” Lúcio Seminovo, de 60, criticou o fato de os artesãos não terem sido consultados sobre o novo local de trabalho. “Não tem conversa, temos que cumprir e pronto. Pelo menos nos deram uma opção. Eu preciso trabalhar para me sustentar.”


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