São tantas infrações de trânsito cometidas no km 411 da BR-381, em Nova União, a 59 quilômetros de Belo Horizonte, que em meia hora de observação é difícil manter a conta.
Vários motoristas e motociclistas foram flagrados ontem passando pelo acostamento para fugir de engarrafamentos e o valor da multa também passa de R$ 191,54 para R$ 957,70. A infração é considerada gravíssima e, em caso de reincidência, o valor é cobrado em dobro. Disputar corrida (racha) também é infração gravíssima, o motorista perde sete pontos na carteira e o valor da multa sobe de R$ 574,62 para R$ 1.915,40, além de ter a suspensão da carteira de habilitação e apreensão do veículo.
A proximidade do posto de fiscalização da PRF, em Sabará, na Grande BH, não intimida motoristas de caminhões que trafegam pelo acostamento. Eles podem até alegar que agem de boa fé, uma vez a faixa é única e muitos querem liberar a passagem para outros carros, uma vez que a velocidade de caminhões carregados é baixa nas subidas e trava o trânsito. Mas cometem infração do mesmo jeito.
O carreteiro André de Cássio Gomes, de 35 anos, diz apoiar as multas mais caras. “Os motoristas de carros querem ultrapassar a gente na curva. Se a gente não vai para o acostamento, eles xingam e ainda ficam piscando o farol. Não trafego em acostamento, pois sei que é proibido”, disse o carreteiro. Segundo ele, os motoristas vão pensar duas vezes antes de cometer infração agora. “Se não doer no bolso, ninguém aprende”, disse.
Mas não adianta nada aumentar o valor da multa se não há fiscalização, alerta o auxiliar administrativo Diógenos Viana, de 30, que sempre dirige pela BR-381. “Não vejo fiscalização nenhuma na estrada. A sensação de impunidade é grande e as pessoas continuam cometendo abusos. Vai continuar do mesmo jeito e as pessoas vão continuar morrendo nos acidentes”, reclama Diógenos.
Nos 118 quilômetros percorridos pela reportagem ontem, agentes da PRF foram vistos apenas em dois trechos da estrada. Em um acidente pouco depois do posto de fiscalização e próximo à ponte do Rio das Velhas, onde um policial estava posicionado em um local de onde não se tinha visão de abusos cometidos, no sentido Belo Horizonte.
SEM REFORÇO O chefe de comunicação da PRF, inspetor Aristides Júnior, informou que não haverá reforço na fiscalização em função do aumento das multas. “Vai ser fiscalização normal. Não tem necessidade de uma operação só para isso, não”, disse. Segundo ele, um efetivo de 900 agentes se revezam na fiscalização das estradas federais em Minas. “Todo efetivo tem um trecho. Eles fazem ronda e autuação. Será do jeito que sempre foi feito. Obviamente, vamos dá mais ênfase nos feriados por causa do maior número de veículos”, informou o inspetor, lembrando que há concurso em andamento e haverá contratação de novos policiais para Minas.
Segundo o especialista em trânsito Silvestre Andrade, o valor da multa torna-se irrelevante se não houver fiscalização.