Jornal Estado de Minas

Governador Valadares pode ter infestação dos mosquitos da dengue e febre chikungunya

Alerta faz parte de levantamento do Ministério da Saúde. Documento aponta ainda que outras 25 cidades do estado têm risco médio de infestação

Márcia Maria Cruz

Sinal vermelho em Governador Valadares e amarelo em outras 25 cidades de Minas Gerais para a dengue e a febre chikungunya.

Os municípios mineiros foram apontados pelo Ministério da Saúde, em lista divulgada ontem, entre os 117 em risco e os 533 em alerta no país. Os que requerem maior atenção foram identificados tendo como base o Levantamento Rápido do Índice de Infestação pelo Aedes aegypti (LirAa).

De acordo com o levantamento, a infestação do Aedes aegypti alcança 5,3% dos domicílios de Valadares, o que os põe em risco de epidemia. Em outros 25 municípios de Minas Gerais os índices de infestação variam de 1% a 3,2% (veja arte). Com menos de 1%, o risco é baixo, caso de BH (0,4%). De 1% a 3,9%, o risco é médio, o que já deixa o município em situação de alerta. Acima de 3,9%, o risco é alto.

Para evitar a proliferação dos mosquitos, não só do Aedes aegypti, como também do Aedes albopictus, o secretário de Estado de Saúde, José Geraldo de Oliveira Prado, lança sexta-feira campanha de contenção da dengue e da febre chikungunya para o resto deste ano e para 2015.
Quanto maior o percentual de infestação do vetor, maior a possibilidade de epidemia. “Evitar que a doença entre é difícil. O vírus segue o fluxo das pessoas. Basta ter alguém com a doença e a presença do vetor”, afirma o pesquisador da Fiocruz Vitor Laerte Pinto Júnior.

Como os dados para o LirAa foram coletados antes do início do período chuvoso, a situação pode se agravar a partir de agora, com a previsão de encerramento da longa estiagem no Brasil. “A divulgação do LirAa é estratégica. Ele mostra ao gestor onde está o problema. Os municípios têm de se programar para controlar os focos”, informou a coordenadora do programa de controle permanente da dengue da Secretaria de Estado da Saúde.

Em entrevista, o ministro da saúde, Arthur Chioro, lembrou que a prevenção das duas doenças é a mesma: o controle do principal dos vetores, o Aedes aegypti. Outra frente que contribui para o combate é estabelecer protocolos para diagnóstico preciso.

Em Minas, foram confirmados dois casos, uma mulher em Matozinhos, na Grande BH, e outra em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. O segundo caso teria sido contraído em uma viagem à Venezuela. Outros 15 casos foram descartados e 16 estão em investigação.

Originária do Leste africano, a palavra chikungunya quer dizer “aquela que dobra”. O termo se refere às fortes dores nas articulações, causadas pelo vírus.
É importante reconhecer os sintomas e fazer a distinção entre a dengue, pois o tratamento das doenças é diferente. Na maior parte dos casos, a febre é benigna, mas entre pessoas do grupo de risco pode se manifestar de forma mais grave. Gestantes, idosos, crianças com menos de dois anos, diabéticos e alcoolistas correm, inclusive, risco de morte.

A principal forma de combate envolve a colaboração da população, pois é preciso eliminar os criatórios dos mosquitos, retirando a água parada dos recipientes nos quintais. “O controle domiciliar é a forma mais eficaz. É preciso controlar os ovos e as formas larvais”, diz Vitor.

Valadares já ligou o alerta
A inclusão de Governador Valadares entre os municípios considerados como áreas de risco para o avanço da febre chikungunya despertou as autoridades do município do Vale do Rio Doce. A gerente do Departamento de Epidemiologia da Secretaria de Saúde, Katiuscia Rodrigues, diz que a prefeitura já iniciou a implantação de um plano de contingência contra a febre.

Quinta-feira, começa a capacitação de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de saúde para o chamado “manejo clínico” da doença, diante da possibilidade do surgimento de casos. Conforme Katiuscia, o trabalho preventivo e as abordagens para o monitoramento em relação aos casos suspeitos vão envolver 54 unidades da saúde básica. O Hospital Municipal de Governador Valadares também terá leitos de referência para o tratamento de doentes.

A chikunguya é transmitida pelos mosquitos Aedes Aegypti (o mesmo da dengue) e o Aedes albopictus. Um fator que levou Valadares a ser classificada como área de risco para a chikungunya é a incidência do mosquito transmissor da dengue na cidade.
O último LirAa) no município, em outubro, foi de 5,3%, sendo que o máximo recomendável é de 1%.

Katiuscia Rodrigues disse ainda que estão sendo reforçadas também as ações preventivas. A vigilância contra a chikyngunya é feita por 252 agentes de saúde, que vão visitar os domicílios para orientar os moradores como eliminar os focos dos vetores. (Luiz Ribeiro)

 

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