Jornal Estado de Minas

Pequeno volume de chuva em Minas não elimina racionamento em cidades do interior

Oliveira e Formiga, onde até aulas foram suspensas nas escolas por falta de água, continuam em racionamento. Em Viçosa, a situação é ainda pior porque não choveu na cidade

Luana Cruz Cristiane Silva
Perfuração de poços artesianos em Formiga, Centro-Oeste de Minas - Foto: Prefeitura de Formiga/Divulgação
O pequeno volume de chuva no interior de Minas Gerais não foi suficiente para tirar as cidades de Oliveira e Formiga, no Centro-Oeste do estado, do racionamento. As duas cidades, apesar de uma recuperação no abastecimento, continuam em alerta por causa da falta de água. Os municípios investiram em ações de conscientização da população, fiscalização do desperdício e poços artesianos, no entanto, continuam com esquemas de interrupção de fornecimento para os consumidores.

Em Oliveira, a vazão normal de água para abastecimento é de 110 a 115 litros de água por segundo. No auge da seca, em outubro, quando até as aulas foram suspensas em escolas municipais, a vazão chegou a 28 litros por segundo. Agora, com dois dias de chuvas nas últimas semanas e ações da prefeitura em conjunto com a o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), a vazão está perto de 66 litros por segundo.

Assim, com metade da capacidade, a cidade continua com interrupções alternadas de 12 horas no abastecimento. De acordo com o SAAE, a evolução dos últimos dias já é significativa para uma população que chegou a fica até seis dias sem abastecimento.
Mesmo assim, esta semana, a água da chuva acabou – o que obrigou o SAAE, a intensificar o racionamento. Há previsão de precipitação na região para a próxima semana.

Oliveira está investindo em projetos de captação – principalmente em poços artesianos - para fugir dos problemas durante o período de seca. Além disso, o trabalho de educação da população contra o desperdício é constante. Para se ter uma ideia, na semana passada, a cidade estava com vazão de 83 litros por segundo e, devido à economia dos consumidores, foi possível abastecer todos os bairros com esta quantidade abaixo do normal. Em paralelo a conscientização, a fiscalização do município continua, com notificação para as pessoas que estão lavando carros e calçadas com água.

Em Formiga, foram perfurados oito poços artesianos - Foto: Prefeitura de Formiga/DivulgaçãoEm Formiga, a vazão normal para captação de água tratada na cidade é de 187 litros por segundo, sendo que alcançou nessa terça-feira 163 litros. Nas épocas de maior desabastecimento, quando aulas também foram suspensas, a cidade ficou com 78 litros por segundo. A recuperação não é suficiente para retirar o estado de alerta e racionamento. A mudança no quadro de abastecimento é resultado de quatro fatores: chuva em pequeno volume que atingiu a região, notificação de produtores rurais para menor retirada de água do rio para agricultura, construção de quatro poços artesianos na área urbana e outros quatro na zona rural, além das campanhas contra o desperdício.

A preocupação com o abastecimento em Formiga continua, principalmente em bairros altos e historicamente afetados pela falta de água. Os estados de calamidade e emergência, decretados pela prefeitura, estão em avaliação pela Defesa Civil estadual.

Viçosa


A cidade de Viçosa, na Zona da Mata, ainda sofre com a estiagem.
No final de outubro, o racionamento de água foi ampliado de 12 para 24 horas. O abastecimento estava sendo interrompido em alguns bairros, por escala, desde o último dia 10, mas a ação não estava resolvendo o problema de forma efetiva.

“Determinados locais estavam ficando sem água fora do racionamento. Com o (aumento do) racionamento, estamos direcionando a água para pontos críticos”, explica Henrique Freitas Santana, chefe do setor de Qualidade e Tratamento de água do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).

Conforme Santana, com a seca, a vazão da Estação de Tratamento Bela Vista, que capta água do Ribeirão São Bartolomeu – dentro do campus da Universidade Federal de Viçosa (UFV), caiu de 100 para 33 litros por segundo. Devido a baixa pressão, os bairros abastecidos pela adutora que usa a gravidade para impulsionar a água estavam ficando sem abastecimento e os técnicos passaram a realizar manobras para atender as regiões.

Na terça-feira, o abastecimento foi interrompido na parte alta da cidade. Quando o reservatório ganhou nível, a adutora de gravidade foi aberta, atendendo a parte baixa do Bairro Bom Jesus, que chegou a ficar cinco dias sem água. O SAAE também fornece caminhões-pipa às regiões que se encontram em situação crítica. O serviço pode ser solicitado pelo telefone (31) 3892-6000.

As medidas de racionamento também foram implantadas na UFV que, atualmente, consegue captar apenas 12 litros de água por segundo no Ribeirão São Bartolomeu. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, a Biblioteca Central adotou um horário de atendimento diferenciado e os gastos nos alojamentos, cantina e restaurante universitário vêm sendo monitoradas.

As cidades de Ponte Nova e Cajuri disponibilizaram caminhões-pipa que chegam a abastecer o campus com 90 mil litros de água, que atendem os prédios dos cursos, parques, laboratórios e vilas.
Até o momento, a universidade avalia positivamente as ações de economia no campus, com a contribuição de toda a comunidade acadêmica.

Itutinga

Já em Itutinga, a chuva foi suficiente para a população deixar de lado as medidas de racionamento. Durante a estiagem, a Copasa havia suspendido o fornecimento de água na cidade durante alguns períodos, mas hoje as torneiras voltaram a ter água durante todo o dia. Após as chuvas, a represa de Camargos, que quase suspendeu as atividades, também começou a se recuperar. Houve melhora nos níveis do Rio Grande e em vários mananciais da região. .