A realocação dos artesãos no Centro de Belo Horizonte desagrada comerciantes e os próprios ambulantes, que contestam a decisão tomada pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Uma portaria de 1º de outubro determinou dois pontos para que os hippies pudessem se estabelecer. De acordo com o texto, eles podem comercializar apenas na Rua Carijós, em frente ao Cine Theatro Brasil Vallourec, e na Praça Rio Branco, próximo ao terminal rodoviário. “Estão tumultuando bastante o quarteirão na Carijós. Muitos se sentam na porta do teatro e penduram os seus trabalhos nas grades. Já encontramos até restos de comida e fica um cheiro forte de urina”, reclamou o presidente da instituição, Alberto Camisassa.
De acordo com Camisassa, a queixa não é contra os artesãos, mas à decisão de colocá-los no quarteirão que passou por processo de revitalização e foi entregue à cidade em 2013, com a obra Guerra e Paz, de Cândido Portinari. “Foram investidos R$ 57 milhões no restauro, sendo 55% dinheiro da iniciativa privada e 45% de incentivos fiscais. Somos os responsáveis pela manutenção do espaço, por trocar lâmpadas e fazer a reposição das mesmas”, completou.
Desde 2011, há uma investida por parte da prefeitura para retirar os artesãos do Centro, em especial da Praça Sete. No entanto, eles conseguiram uma liminar em 26 de setembro de 2012, a pedido da Defensoria Pública de Minas Gerais, que moveu ação civil pública contra a prefeitura e o governo estadual. Na época, os defensores buscavam resguardar os direitos de hippies e artesãos de rua.
QUEIXA GERAL A medida desagradou os artesãos, que se queixam do pouco espaço destinado a eles. “A portaria foi muito ruim e abriu porta para os camelôs”, afirmou o artesão Diogo Santos, de 22. Natural de Teixeira de Freitas (BA), depois de seis meses na capital mineira, ele pretende buscar outra cidade onde a atividade não seja reprimida. “Nós não queremos brigar. Queremos um lugar mais tranquilo, onde não tenha repressão”, disse. Mesmo com a portaria, um grupo de cerca de 10 artesãos resiste na Praça Sete.
A artesão Denise Barbosa, de 42, considera que a prefeitura deveria dispensar um tratamento mais digno aos artesãos, uma vez que fazem parte da história da cidade. “As pessoas chegam, querem conversar com a gente”, diz. No entanto, ela admite que o espaço precisa ser melhor organizado.
O gerente de Licenciamento e Fiscalização da Regional Centro-sul, Cláudio Antônio Mendes, avaliou que realocação foi um “sucesso”. Segundo ele, foi realizada reunião no início do ano para estabelecer os locais. À época, os artesãos sugeriram a Praça Sete e a Praça da Savassi, mas, posteriormente, uma equipe de arquitetos definiu os outros pontos, repassou aos artesãos, mas não houve retorno, de acordo com o gerente. Mendes afirmou ainda que o secretário de Serviços Urbanos, Pier Giorgio Senesi Filho, irá avaliar as reclamações do Cine Theatro Brasil Vallourec e que também estão sendo avaliados pontos nas 10 regionais para que os artesãos possam se estabelecer..