Jornal Estado de Minas

Tornozeleiras eletronicas serão usadas para monitorar torcedores banidos dos estádios

Uso do equipamento é fruto de acordo entre Ministério Público e a Secretaria de Estado de Defesa Social

Márcia Maria Cruz
Modelo de tornozeleira eletrônica: não se sabe se acordo entre MP e Secretaria de Estado de Defesa Social vai ser colocado em prática nos jogos da final da Copa do Brasil - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press 30/4/14

O uso da tecnologia poderá dar mais segurança a quem vai ao campo assistir às partidas de futebol em Minas Gerais. Uma acordo entre o Ministério Público e a Secretaria de Estado de Defesa Social permitirá a destinação de tornozeleiras eletrônicas para controlar torcedores banidos pela Justiça dos estádios por causa de comportamentos violentos. “Conseguimos 30 tornozeleiras para serem destinadas ao combate à violência nos estádios,” informou o promotor de Defesa do Consumidor, Fernando Abreu.

O Tribunal de Justiça e o Ministério Público não detalharam se os equipamentos poderão ser usados por torcedores violentos nos dois próximos jogos entre Atlético e Cruzeiro, nos dias 12 e 26, durante as partidas da final da Copa do Brasil. As cenas de violência de forma recorrente retiram o brilho do maior clássico do estado. No último jogo entre as duas equipes, quatro atleticanos foram baleados no Centro da capital, e 60 pessoas ficaram feridas por bombas no Mineirão. A Polícia Militar prendeu 12 torcedores.

O uso da tornozeleira eletrônica visa garantir que os torcedores punidos pela Justiça não descumpram a determinação de ficar a um raio de 5 quilômetros dos estádios. “Muitos estão soltos, mas poderão ser controlados por meios dos equipamentos”, diz o promotor. De acordo com ele, a medida, que foi aprovada no início deste ano em Minas, já é adotada com resultados positivos no Rio Grande do Sul.
Dependendo do grau da infração em que o torcedor se envolve, diferentes penas podem ser determinadas. Em muitos casos, o torcedor violento não perde a liberdade, mas precisa se apresentar à polícia nos dias de jogos. “Na prática, esse controle não vem ocorrendo. Apenas um ou outro torcedor aparece”, afirma.

A atuação do Ministério Público foi fundamental para que a Secretaria de Estado de Defesa Social destine as tornozeleiras para esse controle. Em Minas, os equipamentos começaram a ser usados em dezembro de 2012 para controlar presos do regime aberto ou domiciliar. A medida se transformou em alternativa para controlar homens condenados por violência contra a mulher. Uma das vantagens apontadas é que a tornozeleira eletrônica permite que o agressor possa trabalhar e frequentar atividades educativas.

IDENTIFICAÇÃO Para combater a violência em dia de jogos é necessário implementar diferentes ações. Segundo o promotor, uma das medidas fundamentais é a identificação dos agressores para que possam ser processados. “O cidadão pode colaborar denunciando. Se ele sabe que há um grupo organizando ações de vandalismo, pode informar às autoridades.” A proibição de bebidas alcoólicas nos estádios também ajuda a reduzir a incidência de conflitos. “Nos últimos anos, houve uma redução no número bruto de casos de violência, mas aumentou a gravidade. Antes, eram brigas com socos e pontapés, mas os torcedores passaram a usar revólver e faca,” afirmou Fernando Abreu.

O torcedor também pode contribuir para reduzir os incidentes ao evitar aglomerações depois do término da partida. “Ao chegar no estádio, o conselho é que o torcedor entre para o estádio, que é mais seguro que a parte externa”, disse o promotor.

Disputa para defender Bruno
A disputa entre advogados para defender o ex-goleiro Bruno das Dores Fernandes de Souza ganhou novo capítulo.
Depois de destituir a dupla Francisco Simin e Tiago Lenoir, em outubro, ontem o ex-jogador renomeou os defensores, que apostaram na estratégia de transferência dele para a penitenciária de Francisco Sá, no Norte de Minas. A ida de Bruno para a unidade teve como objetivo o retorno dele ao futebol profissional pelo Montes Claros Futebol Clube, que disputa o Módulo II do Campeonato Mineiro, apesar de sua condenação de 22 anos e três meses em regime fechado pelo assassinato de Eliza Samudio. O recém nomeado advogado Marco Antônio Siqueira, que nesta semana encaminhou ofício para a Justiça de Francisco Sá, sugerindo a transferência do ex-goleiro para Ribeirão das Neves, foi destituído ontem à tarde, por meio de documento assinado pelo detento, segundo informou o Tribunal de Justiça de Minas Gerais..